O Acordo de Paris foi um tratado assinado por 195 países com o objetivo de reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE) para evitar que a temperatura média global ultrapasse o limiar de 1,5°C em relação aos níveis de temperatura pré-industriais. O compromisso é uma resposta à ameaça de impactos de alterações climáticas muito mais graves, incluindo secas, ondas de calor e chuvas mais frequentes e graves.
Os países desenvolvidos se comprometeram a mobilizar US$ 100 bilhões por ano de fontes públicas e privadas para o financiamento climático, incluindo fontes alternativas e arranjos como o Fundo Verde para o Clima. O financiamento climático deve apoiar as medidas de mitigação e de adaptação em países em desenvolvimento. A mitigação envolve esforços para reduzir emissões de GEE, enquanto a adaptação engloba medidas que visam fortalecer a resiliência e reduzir a vulnerabilidade aos impactos climáticos.
No Brasil, os bancos de desenvolvimento são atores fundamentais para canalizar esses recursos internacionais para o desenvolvimento regional sustentável. Além disso, os bancos de desenvolvimento regionais atuam, em especial, nos segmentos do mercado de crédito em que persistem significativos gaps de financiamento, como infraestrutura sustentável, energia renovável, tecnologia e inovação.
Um dos desafios para alcançar as metas de financiamento climático reside na identificação de quais investimentos se classificam sob esse prisma e que devem ser apoiados prioritariamente. Atualmente, o Brasil está avançando com uma taxonomia sustentável que sinaliza os investimentos e atividades elegíveis para criar um entendimento padronizado no mercado. Em 2020, a Febraban lançou um trabalho de referência para a classificação das atividades financiadas pelo setor bancário brasileiro, a partir de aspectos socioambientais e climáticos.
Utilizando essa referência, identificamos 37 mil empresas da economia verde em atividade no Espírito Santo, o equivalente a 17% do total de estabelecimentos. As atividades da economia verde são consideradas com potencial de geração de impactos positivos para a sociedade e para o meio ambiente. Com essa informação podemos identificar também aquelas atividades verdes com menor investimento no nosso estado e mobilizar recursos para a superação dessas lacunas.
Outro trabalho importante para ampliar o entendimento sobre as necessidades de investimento para a transição para uma economia verde é o diagnóstico climático. Esse tipo de diagnóstico tem como objetivo avaliar os riscos e as oportunidades empresariais decorrentes das mudanças climáticas.
Muitas empresas ainda enfrentam dificuldades na gestão de suas agendas de sustentabilidade por não terem acesso às metodologias de cálculo para uma avaliação precisa dos riscos e das oportunidades. Além disso, surgem muitas dúvidas sobre a forma apropriada de reportar as informações e uma preocupação com a divulgação do impacto gerado.
Em uma iniciativa pioneira no Estado, o Bandes, em parceria com a ECO55 - startup capixaba -, está proporcionado um Diagnóstico Climático individual para avaliação da sustentabilidade dos negócios para um grupo selecionado de clientes do banco. O objetivo desse diagnóstico é proporcionar “valor sustentável” aos clientes do Bandes por meio da avaliação da influência da agenda climática nos seus negócios, seguindo protocolos de referência no mercado.
Esse estudo da realidade particular das empresas capixabas abrange o Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa, a Sustentabilidade Corporativa e o Risco Climático Empresarial. A qualidade do relatório individual depende de informações repassadas diretamente pelas empresas por meio de preenchimento de questionário digital em uma plataforma online que também oferece acesso a conteúdos educativos sobre o tema dos impactos do clima nos negócios.
Como resultado, após o processamento das informações, será entregue a cada participante a base para um Relatório de Sustentabilidade da sua empresa que poderá servir como guia para uma Agenda de Sustentabilidade, identificando desafios e oportunidades para a tomada de decisão estratégica.
Entre as informações que constam no relatório estão: o quadro de emissões da empresa com intensidade carbônica e energética; o score das cinco áreas de sustentabilidade empresarial e o nível de exposição climática do negócio. Para o Bandes, o relatório final vai consolidar os resultados individuais para uma visão global do nível de sustentabilidade de sua carteira de clientes e gerará informações importantes sobre a relação entre o volume de crédito concedido e as emissões, a sustentabilidade corporativa e risco climático dos setores econômicos.
Essa é mais uma das iniciativas do Bandes para contribuir com a disseminação da agenda da sustentabilidade junto às empresas capixabas, que com soluções financeiras oferecidas estão acelerando a transição para uma economia de baixo carbono.
Dentro desse tema também estão ocorrendo ações que visam ao maior alinhamento com a tendência do mercado, como a maior integração dos aspectos ASG (Ambientais, Sociais e de Governança) na estratégia do negócio do banco e o aperfeiçoamento contínuo do gerenciamento dos riscos socioambientais e climáticos.
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