O mercado da construção civil tem se modernizado constantemente ao longo dos anos com novos processos construtivos e no uso de diversos materiais, seja para a redução no tempo para execução dos projetos, moderar os custos ou diminuir o impacto ambiental. Neste cenário, o uso da madeira como material estrutural vem se destacando como uma boa alternativa que contempla todos estes aspectos mencionados.
O início dos anos 2000 foi quando algumas empresas começaram a olhar para a madeira colada e wood frame, mas foi somente entre 2010 e 2015 que as técnicas começaram a crescer, ainda que a passos lentos. De lá para cá, está claro que a madeira ocupa um espaço entre os materiais estruturais mais utilizados no Brasil e no mundo, e isso se deve em grande parte à adesão da agenda ESG.
O relatório da consultoria Market Research Future (MRFR) prevê que o mercado da madeira na construção civil atinja US$ 3,6 bilhões até 2027. Além disso, de acordo com relatório de mercado com foco no sudeste da Ásia e China continental do American Hardwood Export Council (AHEC), houve um aumento no volume das exportações de madeira de lei, com crescimento superior a US$ 1,36 bilhão nos últimos três trimestres de 2021. Este aumento corresponde a quase 20% em comparação com o mesmo período de 2020, mesmo com a permanência das restrições e escassez das cadeias de suprimentos.
Embora existam receios quanto ao uso de madeira na construção em relação ao concreto e o aço e poucos profissionais com conhecimento específico sobre a utilização desse material no Brasil, a madeira vem se tornando tendência novamente e isso pode ser notado com o número crescente de empresas que vêm atuando especificamente na área de produção de casas de madeira pré-moldadas.
O processo de industrialização está impulsionando o debate sobre o uso da madeira na construção civil devido a maior parte do trabalho ser realizada fora dos canteiros de obras. Este argumento pode ser reforçado com o surgimento da primeira grande fabricante do país e que deve elevar a capacidade produtiva da madeira de lei em 100.000 m³ por ano.
A madeira voltou a ganhar visibilidade com a necessidade de erguer prédios de forma rápida, segura e sustentável. O mercado da construção civil é responsável por 38% do total global de emissões, incluindo o dióxido de carbono proveniente da produção de energia necessária para as obras, além de que cada metro cúbico de madeira retira 1 tonelada de carbono da atmosfera, segundo dados da ONU Environment.
Inclusive, podemos usar como exemplo projetos do programa Minha Casa Minha Vida com wood frame, técnica de encaixe de painéis aplicada em construções de até quatro andares, a qual conseguiu reduzir em 85% de resíduos em obras e economizar 90% de recursos hídricos.
Apesar da tradição utilizando madeira como principal material de construção de casa, a forte entrada dos EUA no uso madeira de lei em edifícios de grande porte trouxe uma novo impulso para o mercado global. O Brasil se torna um palco interessante para isso, especialmente pela sua capacidade de produção desta matéria prima e a chegada de novos produtores deste material.
Hoje, podemos acompanhar grandes projetos, como o novo prédio da Universidade de São Paulo (USP), que utiliza a madeira como material estrutural, sendo o primeiro projeto governamental, e o recente edifício de 25 andares em um dos principais bairros de São Paulo. Estes empreendimentos serão uma vitrine para mostrar as vantagens da madeira na construção de grandes obras e grandes cidades.
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