Quando se fala em consumo consciente, primeiramente, e por vezes exclusivamente, se pensa no comportamento do consumidor. Afinal, ele é o grande motor da produção. No entanto, também é possível ter uma visão voltada para as indústrias. Elas são as grandes consumidoras dos recursos naturais, pois são as responsáveis pela transformação desses recursos em produtos tangíveis ao consumo. Por isso, possuem um grande potencial de redução no seu "consumo" de matérias-primas.
Nesse contexto, a otimização do processo se faz cada vez mais importante e necessária. Mesmo a menor redução de perdas significa um ganho econômico e ambiental expressivo, graças ao volume utilizado. Inclusive, algumas das metas dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) elaboradas pela Organização das Nações Unidas (ONU) já consideram a importância da otimização de processos. Por exemplo, a meta 9.4 fala sobre a importância da modernização da estrutura e reabilitação das indústrias para torná-las sustentáveis.
Para se ter uma ideia, segundo a Organização para a Alimentação e Agricultura (FAO), a indústria é responsável por 20% do consumo de água. No Brasil, em 2015, conforme estudo da Agência Nacional das Águas (ANA), a média de utilização desse recurso pelas indústrias foi de 16,6 bilhões de litros por dia. No Espírito Santo, o valor foi 242 milhões de litros por dia.
Por isso, é imprescindível, e, para os dias atuais, inevitável, que as empresas tenham a ciência do seu impacto no meio em que estão inseridas e a possibilidade de impactá-lo positivamente.
É importante destacar a função da empresa dentro de todo o ciclo de produção, desde a extração de um recurso natural. À indústria interessa a manutenção (e incremento) da disponibilidade do insumo utilizado por ela. E esse interesse aumenta a cada dia.
Cada empresa pode impactar positivamente seu ciclo de produção. Apoiar projetos de reflorestamento ou de pesquisa em melhoria no processo são exemplos de investimentos que as corporações podem fazer para se mostrar ambientalmente preocupadas, ao mesmo tempo que têm um retorno efetivo à sua atividade.
É fundamental que as empresas que ainda não priorizaram ações de sustentabilidade comecem a pensar na necessidade dessa prática. Um passo importante é a implantação de um Sistema de Gestão Ambiental de forma voluntária. O sistema pode ter a dimensão que for conveniente ao porte e ao momento da empresa, e é o primeiro passo para melhorias perenes percebidas a curto prazo.
O autor é engenheiro ambiental e especialista em Gestão de Riscos
* Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta
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