O verão chega e com ele o aumento do calor. Em tempos de baixa econômica como nos dias atuais, as praias tornam-se ainda mais visitadas uma vez que são locais de baixo custo e ótima opção de lazer familiar. É justamente nessas regiões litorâneas que encontramos as restingas, um ecossistema associado ao Domínio Mata Atlântica, bioma brasileiro mais ameaçado e um dos 34 hotspots do planeta, classificação dada aos ecossistemas mais biodiversos e desmatados do mundo. A restinga vem sofrendo intensa degradação ambiental devido aos processos históricos de ocupação e uso econômico da costa brasileira.
A supressão da vegetação se dá, sobretudo, por pressões da especulação imobiliária. Esse ecossistema apresenta grande diversidade ecológica e por isso é classificado como área de preservação permanente (APP) de acordo com o Código Florestal brasileiro. Isso implica dizer que as áreas onde encontramos essas vegetações não podem ser degradadas a despeito de multa e até mesmo encarceramento. Entretanto, uma coisa é a lei, outra é a prática.
Não é incomum visualizar banhistas usando as áreas de restinga como estacionamento, local de festas, churrasco e até mesmo como jardim pessoal, plantando espécies exóticas (vindas de outros ecossistemas, ou seja, não nativas). Essas espécies exóticas representam a segunda maior perda de biodiversidade do planeta. A título de exemplo, temos as castanheiras, coqueiros e piteiras, espécies amplamente encontradas nas restingas e que por competição, vão aos poucos suprimindo as espécies nativas desse ecossistema.
Mas qual seria a importância da restinga? A vegetação de restinga exerce papel fundamental como fixadora do solo, ajudando na contenção do avanço do mar, na erosão das praias e manutenção das dunas. Certas espécies da flora têm ainda valor medicinal e outras tantas valor na alimentação humana. Dessa forma, é de suma importância o uso responsável de nossas praias com consciência da importância da preservação da vegetação de restinga para a biodiversidade, bem como para a população humana.
O autor é doutor em Biologia Vegetal e professor da Faesa Centro Universitário
Este vídeo pode te interessar
LEIA MAIS ARTIGOS
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.