A área de tecnologia é uma das que mais cresce no Brasil, mas a velocidade de ascensão do mercado não tem sido acompanhada pela formação de profissionais, e sobram vagas de emprego no setor. Essa realidade já vinha sendo prevista há tempos. Há cerca de dez anos a Sociedade Brasileira de Computação (SBC) e outras organizações já alertavam para o crescimento da demanda por esses profissionais, que já podemos constatar a falta no mercado.
A Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação e de Tecnologias Digitais calcula que em cinco anos serão criados quase 800 mil novos postos, mas o Brasil forma pouco mais de 53 mil profissionais de tecnologia por ano, o que deve abrir um déficit de 532 mil pessoas para trabalhar na área. O prognóstico é preocupante, mas a escassez de profissionais qualificados nesse mercado já é presente na rotina das empresas do setor, que estão sempre lidando com alta rotatividade e quadros de funcionários incompletos.
Um dos setores com maior perspectiva de crescimento no Brasil, acelerado durante a pandemia de Covid-19, enfrenta esse grande desafio para seguir seu ritmo. Afinal, como operar sem profissionais capacitados para realizar as ações? É por meio da equipe que uma empresa realiza seu trabalho, mesmo que seu produto ou serviço seja a tecnologia.
Aquela falácia de que as máquinas substituiriam os trabalhadores já foi superada e o déficit de mão de obra nesse mercado é uma das provas disso. É verdade que algumas profissões deixaram e deixarão de existir, mas a demanda por profissionais está sendo adaptada, como historicamente acontece, não reduzida.
Para reverter esse prognóstico nada positivo da falta de profissionais qualificados no mercado da tecnologia, duas saídas parecem ser as principais soluções do momento, uma no plano macro e outra micro. De uma forma geral, é preciso atrair as novas gerações para essa área de trabalho.
Eles já têm uma afinidade quase natural com a tecnologia, então o que precisa ser feito para que escolham a área como profissão? O caminho parece ser pela educação, pela aproximação entre mercado e academia, ampliação da oferta de cursos de curta duração, técnicos e de qualificação, iniciativas de responsabilidade da esfera pública, mas que certamente podem contar com a parceria dos atores interessados nesse processo.
Por outro lado, fortalecer a marca empregadora das empresas é mais importante do que nunca. É preciso ter uma grande preocupação interna com a gestão de pessoas para construir uma cultura e um clima organizacional saudável, uma empresa da qual as pessoas gostem de fazer parte e sintam-se reconhecidas no desenvolvimento de seus trabalhos.
Vivemos uma era, nesse setor, em que as empresas estão competindo pelos melhores talentos, muito mais do que os profissionais estão competindo pelas vagas de emprego, porque elas estão disponíveis em abundância. Nesse cenário, ganha quem for capaz de compreender, acolher, capacitar e reter seus colaboradores.
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