Luan Sperandio*
60% dos jovens estão aprendendo profissões que vão deixar de existir nos próximos 15 anos em virtude de avanços tecnológicos. É o que apontou relatório da Foundation for Young Australians.
O índice é preocupante se nada for feito para melhorar a formação dos estudantes e recapacitar quem hoje já está no mercado de trabalho.
Mas não devemos remar contra a maré: inovações abrem espaço para outras carreiras mais produtivas, o que reduz preços, aumenta qualidade de produtos e serviços e paga melhores salários.
Eliminar empregos improdutivos afeta grupos específicos, mas mantê-los gera uma despesa muito grande para a sociedade. Mesmo que haja custos temporários, é melhor criar programas de transição de qualificação para quem ficar sem trabalho do que manter por legislações empregos improdutivos - estes geram custos permanentes.
Entretanto, historicamente grupos afetados pela inovação tecnológica pressionam a classe política a fim de se proibir o progresso e manterem seus cargos e salários. Foi assim, por exemplo, que ascensoristas do Rio de Janeiro conseguiram manter por décadas seus empregos: uma lei estadual obrigava a presença de um profissional para apertar os botões do elevador.
Ainda hoje há lei em vigor no Brasil que proíbe bombas de autosserviço a fim de manter o emprego de frentistas. Em alguns municípios, há leis que proíbem a circulação de ônibus sem a presença de cobradores, mesmo com quase ninguém pagando passagem em dinheiro. Já há movimentos que defendem a proibição de inteligência artificial, softwares e robôs em diversas profissões.
Empregos nunca devem ser tratados como um fim em si próprios, mas um meio de alcançarmos maior bem-estar geral.
O professor de Economia da George Mason University, Bryan Caplan, explica essa lição econômica a partir de uma anedota: um economista visitou a China na época de Mao Tsé-Tung e viu centenas de trabalhadores construindo uma represa usando apenas pás. Ao questionar o porquê de não utilizarem tratores mecânicos, teve como resposta de um burocrata que, se o fizessem assim, deixariam “muitas pessoas sem empregos”. O economista, ironicamente retrucou: “ah sim, achei que estavam querendo construir uma represa. Se o objetivo é gerar empregos, por que não dar colheres aos trabalhadores?”
Ao invés de perdermos tempo revivendo o Ludismo e demonizando a tecnologia, precisamos a abraçar e nos prepararmos para ela. Como cantava Cecília Dale, “o futuro já começou”.
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*O autor é graduando em Direito pela Ufes e editor do Instituto Mercado Popular
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