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É médica veterinária especialista em gatos, graduada pela Universidade de Vila Velha; mestrado pela Universidade de Vila Velha; pós-graduada em Clínica e cirurgia de pequenos animais; Pós-graduada em clínica médica e cirúrgica de felinos e membro da Academia Brasileira de Clínicos de Felinos (ABFEL) e da American Association of Feline Practitioners (AAFP)

Dezembro Verde: uma reflexão sobre o abandono animal

De acordo com o Instituto Pet Brasil, hoje cerca de 4,8 milhões de cães e gatos estão em situação de vulnerabilidade no país. Desse total, apenas 201 mil estão sob os cuidados de ONGs ou grupos de protetores independentes

  • Polyana Paixão É médica veterinária especialista em gatos, graduada pela Universidade de Vila Velha; mestrado pela Universidade de Vila Velha; pós-graduada em Clínica e cirurgia de pequenos animais; Pós-graduada em clínica médica e cirúrgica de felinos e membro da Academia Brasileira de Clínicos de Felinos (ABFEL) e da American Association of Feline Practitioners (AAFP)
Publicado em 18/12/2024 às 11h00

O último mês do ano chegou, e com ele vem o encanto do Natal, as confraternizações e a expectativa de um novo ano. É tempo de renovar esperanças, planejar viagens e reunir pessoas queridas. É justamente nessa época de celebração que nos deparamos com uma realidade que contrasta com o espírito de solidariedade, o aumento no número de animais abandonados.

Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que mais de 30 milhões de animais vivam em situação de abandono no Brasil, sendo 10 milhões de gatos e 20 milhões de cães (dados de 2022). Esses números não apenas chocam; eles nos convocam à ação. Desde 2015, o Dezembro Verde foi instituído no Brasil, começando no Ceará, por iniciativa do ativista Alex Paiva, com o objetivo de conscientizar a população sobre a gravidade do assunto.

De acordo com o Instituto Pet Brasil, hoje cerca de 4,8 milhões de cães e gatos estão em situação de vulnerabilidade no país. Desse total, apenas 201 mil estão sob os cuidados de ONGs ou grupos de protetores independentes, sendo a grande maioria (92%) gatos.

O Senado Federal reconheceu oficialmente a relevância do tema ao aprovar, em março deste ano, o Projeto de Lei 6.404/2019, que institui o Dezembro Verde no calendário nacional. Embora abandonar animais seja crime desde 1998, conforme a legislação brasileira, os números mostram que ainda temos um longo caminho pela frente.

Abandonar um animal é mais do que um ato cruel, uma sentença de sofrimento para seres que confiam e dependem de nós. Cães e gatos, uma vez domesticados, perdem boa parte de sua capacidade de sobreviver na rua. Enfrentam fome, sede, frio, calor extremo e doenças. Entre as causas mais comuns, que na maioria das vezes podem ser fatais, estão a cinomose (em cães); a esporotricose, FIV e FeLV (em gatos); e a desnutrição, a sarna e a raiva, em ambos. Além disso, a falta de abrigo os expõe ao risco constante de atropelamentos e agressões.

Cão, cachorro, pet
Tatiana Sacchi aborda os direitos dos pets e do tutor em condomínios. Crédito: Pexels

Os traumas psicológicos também são devastadores. Animais abandonados frequentemente manifestam sinais de depressão e ansiedade, refletidos em apatia, perda de apetite e comportamentos autodestrutivos. A saudade daqueles que um dia foram sua família é imensa. Eles não compreendem por que foram deixados para trás, e isso os marcam profundamente.

Dezembro Verde é uma campanha que vai além de alertar sobre as consequências do abandono; ela nos chama a despertar para a responsabilidade que assumimos ao adotar um animal. A decisão de acolher um cão ou gato precisa ser consciente e planejada. Esses seres não são presentes descartáveis ou soluções momentâneas para carência emocional. Eles têm sentimentos, criam laços, dependem de cuidados e, acima de tudo, nos devolvem amor incondicional. Fica a reflexão, olhe para os bichinhos de estimação como parte do espírito de solidariedade que a época inspira.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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