Se o produto do trabalho dos jornalistas fosse entregue em uma caixa com 30 comprimidos, com prescrição médica para o consumo de um por dia e enquanto durar o tratamento de uma vida, eu tomaria sem medo. E você, tomaria?
A metáfora do remédio soa estranha, mas é proposital: a substância ativa do medicamento em questão é a informação, essencial para a saúde pública. Em um contexto de pandemia, longa e extenuante, sua importância torna-se ainda mais relevante. E com a vantagem de ter a eficácia comprovada.
Em outras palavras: informação salva vidas. A medicina e o jornalismo nunca estiveram tão dependentes um do outro como agora. É por esse motivo que convido você, leitor(a), para que neste 1º de junho, Dia da Imprensa, possamos refletir um pouco mais sobre a atividade e os seus desafios de momento.
O nosso protocolo leva o nome de Declaração Universal dos Direitos Humanos e existe desde 1948. No artigo 19 está estabelecido que a informação é um direito humano. Afirma, por princípio, que todos podemos receber e transmitir informações.
Nas sociedades modernas, o direito à informação, equiparado ao de livre expressão — como um direito de personalidade que nascemos com ele —, permite buscar a comunicação em sua natureza social, coletiva, plural; enfim, é um bem indispensável.
São direitos inseridos nos marcos de uma sociedade democrática. E com todos os (d)efeitos colaterais próprios da democracia. Um exemplo disso está em nossa falta de tolerância para acolher opiniões divergentes.
Portanto, receber informações prestadas por órgãos públicos e privados é participar de um processo que se legitima por meio da atividade da imprensa. Sua atribuição é informar e oferecer-se como tribuna para o debate público dos temas de interesse coletivo. E sua proteção e aprimoramento devem ser responsabilidade de todos.
Sem abandonar a metáfora, é como se a eficácia da boa informação estivesse sendo testada o tempo todo em nosso organismo social, ainda mais quando ocorre a infestação pela desinformação.
Nosso sistema imunológico é posto à prova sempre que recebemos informações fraudulentas e descontextualizadas, quando não criminosas, estrategicamente disseminadas na internet, sobretudo nas redes sociais. Atuam como os vírus que atacam o ambiente democrático.
Enfrentar essa doença é resistir às tentativas de desconstrução dos aparatos informativos, que lançam desconfianças e acusações sobre órgãos e profissionais da comunicação. Querem impor a ideia de que o exercício do poder pode prescindir da intermediação da imprensa. Seu alvo é a democracia.
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Concordar com isso é aceitar que podemos vencer a pandemia desinformativa sem os cuidados básicos. Mas, diferentemente da pandemia do vírus mortal, aqui nosso tratamento passa por buscar aumentar as taxas de transmissão em doses cada vez maiores, adequadas e seguras da substância informação.
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