O dia 8 de março é, já há algumas décadas, conhecido como o Dia Internacional da Mulher, data que foi criada para marcar as diversas manifestações pelo reconhecimento dos direitos básicos das mulheres. Essas manifestações realizadas no século 19 exprimiam o desejo de libertação das longas horas de trabalho (com jornadas que chegavam a 15 horas) e dos salários baixos.
Tantos anos e tantas lutas depois, chegamos a 2021 com dados que merecem mais do que apenas atenção. Os dados mostram que houve um aumento no feminicídio em 2020, comparado aos seis primeiros meses do ano anterior. Eles também mostram que há uma reprodução nas formas de desigualdades que já acometem a vida das mulheres, 73% das vítimas de homicídio são mulheres negras. Além da violência, enfrentam desvalorização profissional e baixa representação política.
O Dia Internacional da Mulher certamente estará repleto de reflexões direcionadas à realidade das mulheres. Por isso, é necessária uma reflexão voltada para nós homens. A data marca os avanços obtidos pelas mulheres na sociedade, mas principalmente nos lembra que ainda temos que avançar muito para que tenhamos de fato uma igualdade de oportunidades entre os gêneros. “Toda mulher deve ser quem e o que quiser ser”, e nós, homens, temos que concordar e apoiar.
Mas a realidade é muito triste e cruel. Ao abrirmos os jornais, ligarmos a televisão, navegarmos pela internet, constatamos o assombroso número de mulheres que são assediadas no transporte público, que apanham dos seus maridos, às vezes dos próprios filhos. É muito dura a realidade da mulher em um mundo que teima em ser machista e patriarcal.
As liberdades das mulheres devem ser defendidas e exercidas no mínimo cotidiano. Da simples escolha das roupas que querem usar, sem serem ofendidas por ninguém, ao direito de decidirem sobre os seus corpos e sobre as formas de exercê-los no mundo: cabem às mulheres (negras, brancas, heterossexuais, homossexuais, transexuais, operárias, camponesas, orientais, indígenas e a tantas outras), e somente a elas, as rédeas e as decisões acerca do próprio destino.
Como estamos nós, homens, nos comportando dentro das nossas casas? Será que estamos compartilhando de verdade as tarefas da casa com nossas mulheres, os cuidados com os nossos filhos? Não estou falando de lavar a louça de vez em quando ou levar o filho na escola no dia em que você está de folga. Quando falamos que “damos uma mãozinha”, estamos assumindo que são elas que têm que fazer tudo. Temos que participar mais.
O autor é escritor e subsecretário de Cultura de Vila Velha
* Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta
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