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Dia Internacional da Mulher: a queima do sutiã é diária

Lembre-se que abraçar o mundo todo com as próprias mãos é impossível, mas pegar um pedacinho de cada vez é uma saída com final feliz não só para você, mas para as próximas gerações

  • Flávia Varela É jornalista
Publicado em 08/03/2023 às 14h53

Somos mulheres. Sim, nós somos. Mulheres que amam, choram e se descabelam em momentos de angústia. Mulheres que brilham, trabalham e são promovidas. Mulheres que lutam por direitos iguais, mas ainda querem o cavalheirismo de uma simples abertura de porta para entrar no carro.

Ao longo dos anos, as mulheres conquistaram o direito ao voto; o direito a estudar, pois até 1827 meninas não podiam frequentar a escola tampouco a faculdade; não existia a lei do divórcio; as mulheres, geralmente, eram submissas aos seus maridos porque não tinham como se sustentar e o direito delas era não reclamar do direito que tinham.

Agora, as mulheres são independentes e plenas. Elas adquirem seus próprios bens e não precisam ser salvas pelos príncipes encantados. Porém, a queima do sutiã é diária. A mulher é cobrada em dobro e assume jornada dupla em casa e no trabalho com o cuidado dos filhos, de empresas e da família. Há ainda uma cobrança interna muito grande a respeito em que se deve focar seja na carreira, nos relacionamentos amorosos ou na família.

São mulheres equilibristas que ao longo de gerações foram evoluindo de acordo com novos costumes e com a sociedade. Se antes as avós tinham no mínimo dez filhos e se dedicavam às famílias, hoje, verifica-se um estreitamento das famílias. Muitas mulheres têm um filho ou no máximo dois e priorizam outros projetos. Ambas gerações viveram situações diferentes com cenários antagônicos e, consequentemente, seguiram caminhos divergentes.

A prioridade do século XXI é o tempo. É preciso tempo de qualidade para usufruir com a família, com os amigos e, principalmente, consigo mesma. Já podemos colocar uma mochila nas costas e conhecer o mundo ou podemos ler um livro esticada em uma rede.

O tempo é uma dádiva e nos permitiu fazer escolhas. A mulher quer ser dona de casa? Que seja. Quer ser estilista de moda? Apoiado. Quer casar? Ok. Não quer? Parabéns. A liberdade misturada com desejos reprimidos de séculos coloca a mulher no topo.

Ela está no topo e esse topo permite que a mulher se reafirme ou mude de acordo com o que lhe convém. Ninguém se assusta mais com divórcios depois de anos de casamento nem com mudanças de emprego, de país e de novos recomeços. Mulheres que sofrem violência doméstica tem à disposição a Lei Maria da Penha que está em vigor desde 2006. A lei faz alusão a farmacêutica Maria que lutou por quase 20 anos para que seu marido fosse preso após tentar matá-la por duas vezes.

A mulher passa a ter voz depois de dolorosos processos. Atualmente, o cenário para a mulher é muito bom, mas requer cuidados. Preconceitos contra o sexo feminino ainda existem e é preciso estar alerta para não retrocedermos nem um milímetro.

Sejamos fortes, mas sem perder a ternura. Para ser uma grande mulher é preciso se impor e espaços são abertos a cada dia. A imposição, no entanto, não está no gritar, no esbravejar, mas sim no argumentar, no saber ouvir e se expressar.

A hora das mulheres é agora e estamos trilhando um caminho cheio de rosas ora perfumadas ora com vários espinhos. Saber tirar o espinho e seguir em frente com honra as antigas gerações nos dá força para construir novas gerações, nas quais os direitos serão realmente iguais com respeito as diferenças e com a valorização da mulher.

Nesse Dia Internacional da Mulher, convido a todas mulheres a arregaçarem as mangas e a traçarem seus caminhos de luz e de vitória. Pensar naquilo em que se deseja mudar, agradecer pelo que já tem e conquistar tudo que se deseja. Lembre-se que abraçar o mundo todo com as próprias mãos é impossível, mas pegar um pedacinho de cada vez é uma saída com final feliz não só para você, mas para as próximas gerações.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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