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É presidente do Sistema Fecomércio-ES – Sesc e Senac

Dívida pública e suas consequências no PIB: reforma administrativa é urgente

Se não houver uma intervenção decisiva, projeta-se que o prejuízo acumulado pode ultrapassar R$ 1,37 trilhão em cinco décadas, colocando em risco a sustentabilidade de muitos negócios

  • Idalberto Moro É presidente do Sistema Fecomércio-ES – Sesc e Senac
Publicado em 15/10/2024 às 13h56

O crescimento da dívida pública brasileira nos últimos anos tem gerado preocupação entre economistas e líderes do setor produtivo. Para mitigar os impactos negativos desse endividamento no Produto Interno Bruto (PIB) do país, nós, do Sistema Fecomércio-ES – Sesc e Senac, alinhados com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), acreditamos que é urgente a busca por soluções estruturais, que incluem a reforma administrativa.

Estudos recentes da CNC revelam que cada ponto percentual de aumento na relação dívida/PIB resulta em uma perda anual de aproximadamente R$ 1,3 bilhão para a economia. Esse cenário compromete a capacidade de investimento do setor privado, eleva os custos do crédito e reduz a competitividade nacional, afetando diretamente a geração de empregos e o bem-estar da população.

Se não houver uma intervenção decisiva, projeta-se que o prejuízo acumulado pode ultrapassar R$ 1,37 trilhão em cinco décadas, colocando em risco a sustentabilidade de muitos negócios. As previsões indicam que, sem reformas, a dívida pública pode atingir até 100% do PIB até 2033, o que não apenas aumentaria os custos de financiamento, mas também limitaria investimentos em áreas essenciais como infraestrutura, saúde e educação – fundamentais para a competitividade das empresas brasileiras no cenário global.

O desequilíbrio das contas públicas poderia exigir um aumento substancial na carga tributária, estimado em até 9% do PIB, de acordo com a CNC, o que inevitavelmente comprometeria a capacidade de crescimento do setor privado, desestimularia novos investimentos e afastaria potenciais investidores estrangeiros.

O histórico recente é alarmante: a dívida pública saltou de 45,3% do PIB em 2008 para 77,8% em 2023, um crescimento que não pode ser ignorado. Vale também lembrar que o país teve crescimento de 84% na última década, com uma taxa média de 7% ao ano. Porém, os gastos públicos cresceram em média 53% ao ano nos últimos 20 anos, diante de uma ampliação de apenas 35% nas receitas.

Isso tem causado déficits consecutivos, levando o governo a pressionar o setor produtivo com juros elevados e uma carga tributária crescente. Essa trajetória preocupante reforça a necessidade de reformas administrativas como uma solução viável para reverter a estagnação econômica e a pressão fiscal.

PIB capixaba não acompanhou crescimento populacional
Dívida pública. Crédito: Montagem: Caroline Freitas

A CNC estima que a adoção de uma reforma administrativa poderia gerar uma economia de R$ 330 bilhões ao longo de 10 anos, além de atrair novos investimentos por meio de privatizações e concessões, impulsionando o desenvolvimento econômico do Brasil.

Por conta de todos esses indicadores e para evitar algo mais grave, a hora de agir é agora. Nós, da Fecomércio-ES, junto com a CNC, queremos um compromisso firme e imediato dos governantes e políticos para a implementação de reformas que garantam um futuro mais próspero e sustentável para o nosso país. A responsabilidade de construir um Brasil mais forte e competitivo está em nossas mãos, e somente com ações decisivas conseguiremos enfrentar os desafios que nos aguardam.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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