É comum ouvir por aí que a alfabetização é um período desafiador, que o terceiro ano do ensino fundamental é mais difícil, que o sexto ano traz mudanças impactantes e que o ensino médio é determinante para conquistar a sonhada vaga na graduação. Não podemos dizer que essas percepções estão necessariamente equivocadas, mas é certo que elas guardam limitações quando fazemos o exercício de ver a educação básica como um projeto de vida de longo prazo.
Não estou com isso desabonando os ciclos anuais que envolvem a educação infantil e os ensinos fundamental e médio. Pelo contrário, eles são divisões importantes, que ajudam na organização das escolas. Contudo, eles se interpenetram de acordo com a proposta pedagógica de cada instituição.
Os rótulos mudam anualmente, mas uma série dependente da outra para haver uma fluidez na construção do conhecimento. Essa evolução é importante para fazer o aluno avançar conforme o amadurecimento também da sua condição cognitiva, preparando para a vida adulta.
É por isso que temos a convicção de que um segmento ou ano não é mais importante que o outro. Afinal, o período seguinte é a continuação do anterior e a preparação para o que virá. Percebemos que o ensino precisa de tempo de maturação para a aprendizagem se efetivar, por isso a educação básica é longa.
Nesse sentido, a escolha da escola é ou deveria ser uma decisão tomada com uma visão de longo prazo, pois as fragmentações nesse processo, às vezes necessárias, na maioria dos casos representam perdas e até sofrimento para o aluno.
Outro ponto que merece atenção é que a vida escolar não é algo externo aos contextos familiares. Enquanto projeto de vida, ela não pode prescindir da parceria com os pais e responsáveis, independentemente de um cenário com ou sem pandemia. Basta lembrar que os primeiros educadores são os pais, o que nunca deve se perder na trajetória do estudante em formação.
À escola cabe oferecer uma diversidade de campos de conhecimento, nos quais a maioria das famílias encontram limitações. O papel das instituições de ensino é mobilizar recursos para que seus alunos realizem seus projetos de vida com protagonismo, identificando afinidades e trabalhando potencialidades com uma visão ampla de mundo.
O autor é diretor pedagógico do Centro Educacional Leonardo da Vinci
* Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta
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