A realidade muitas vezes é cruel porque nem sempre temos o que queremos. Se é complicado para um adulto aceitar, por exemplo, um momento de dificuldade financeira, imagine para uma criança. A questão é que se esse assunto for tratado sem rodeios desde a infância, a chance de frustração é muito menor. E como o tema deve entrar na vida dos pequenos? Nas conversas familiares e na sala de aula.
A Educação Financeira passou a ser obrigatória nas escolas brasileiras em 2020, ano em que o mundo foi impactado pela pandemia da Covid-19. As instituições de ensino, aos poucos, estão incluindo o tema em suas grades curriculares. O assunto, no entanto, é amplo e apresenta muitas possibilidades de abordagem.
Fato é que nossos jovens precisam aprender a lidar com o dinheiro e administrar recursos de forma inteligente. Ou seja, é fundamental preparar a criança para enfrentar os desafios da vida real, incluindo a abordagem sobre frustração e perdas.
Uma amiga professora, Fabiane Martins, diz que a maioria das crianças não tem essa consciência da relação financeira com a realidade, daquilo que é possível e o que não é possível. Para elas, tudo é possível. Elas acham que podem comprar tudo, ter tudo e não é assim que as coisas funcionam. Saber lidar com questões de disciplina, do esperar e da responsabilidade é fundamental.
A situação atual do Brasil, em que muitas famílias estão desempregadas ou passam por dificuldades financeiras, gera ansiedade. E os números são cada vez mais dramáticos. O endividamento das famílias continua crescendo. Segundo levantamento da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) quase 80% dos lares estão com dívidas a vencer em cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal ou prestação de carro e de casa.
É claro que esse endividamento encarece e aperta o orçamento das famílias, especialmente as de menor renda. E as crianças sofrem diretamente os reflexos da crise. Um estudo feito por pesquisadores da PUC do Rio Grande do Sul mostra que a pobreza infantil aumentou no país: a proporção de crianças com até seis anos vivendo abaixo da linha da pobreza saltou de 36,1%, em 2020, para 44,7%, em 2021.
Segundo o levantamento, em números absolutos, são 7,8 milhões de crianças vivendo na pobreza e 2,2 milhões na extrema pobreza.
Por isso, levar a educação financeira para a sala de aula, para além do que se vai aprender, pode ajudar os alunos a lidar com seus problemas no presente e no futuro, ou seja, ao longo de toda vida.
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