No Brasil, a obesidade atinge um em cada cinco habitantes, sendo que mais da metade da população está acima do peso normal. Também é considerada uma epidemia pela Organização Mundial da Saúde (OMS). É uma doença crônica, progressiva e recorrente, atingindo 600 milhões de adultos e 100 milhões de crianças no mundo, causando 4 milhões de mortes por ano.
Em tempos de isolamento pelo Covid-19, a epidemia de obesidade vem se agravando, produzido mais ansiedade e outros sintomas que costumam nos levar a mais consumo calórico, seja pelo isolamento que ainda nos dificulta na queima de calorias, seja mesmo pelas questões psicológicas, como compulsão ou fuga da realidade.
Quero aqui afirmar o meu respeito pelas escolhas e não cair na tal ditadura da magreza ou controle estético. O que podemos esclarecer é que, respeitando cada processo individual e diferenciado de cada organismo, ainda podemos nos servir de conhecimentos que apresentam procedimentos eficazes na busca do combate à obesidade. Segundo essa lógica, podemos aderir a dietas e exercícios ou, em alguns casos, ao uso de medicamentos e, em casos mais extremos, a uma intervenção cirúrgica, reafirmando nosso poder de decisão quanto a permanecermos obesos ou não.
O cuidado que devemos ter é que, a possível influência dos padrões estéticos pode nos levar à incerteza do que realmente queremos para o nosso corpo, por sermos atravessados pela cultura do corpo ideal, que aquece o comércio de especialistas em estética e até mesmo as academias.
Essa cultura parece levar a outro movimento oposto e radical, a exemplo do “Body Free”, que desconsidera a obesidade como fator de risco, afirmando ser uma opção saudável até como protesto à ditadura da “boa forma”. Vários fatores aumentam o risco de pessoas com obesidade diante do novo coronavírus. O excesso de peso tem grande relação com outras doenças metabólicas, como diabetes tipo 2 e hipertensão arterial, ambas muito frequentes entre pacientes com a forma mais grave de Covid-19.
Para este momento, quero registrar a importância de localizarmos individualmente nossas necessidades e desejos. Uma busca de autoconhecimento para sairmos dessa guerra de conceitos externos e descobrirmos qual o método que melhor nos identificamos para a construção de um corpo saudável, aliando desejo e identidade corporal como consequência de saúde. Lembrando sempre que não existe um fim ou um resultado final, mas um exercício contínuo no processo de uma reeducação, viabilizando ao nosso organismo e necessidades a busca de qualidade de vida para este momento tão delicado e urgente.
O autor é psicólogo, registrado no Conselho Regional de Psicologia do Rio de Janeiro
* Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta
Este vídeo pode te interessar
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.