
Mangue, palavra de origem inglesa denominada “mangrove”, que significa árvore de raiz, e que forma um pequeno bosque, o que remete tanto às espécies como à comunidade envolvida. O mangue é um tipo de vegetação costeira estuarina que se desenvolve nas regiões intertropicais, sendo facilmente identificado, seja pela sua localização às margens de estuários, baías e enseadas, seja acompanhando os rios pelo continente adentro.
O mangue, restrito a meios salobros, possui adaptações especiais que possibilitam seu desenvolvimento ante as condições adversas e funcionam ainda como barreiras naturais contra os mecanismos da erosão provocados pela ação das marés, além de reterem, entre suas raízes, sedimentos carreados pelos rios.
Além da função ecossistêmica, o mangue tem uma importante relevância social, pois além de ser uma fonte de alimentos e berço para reprodução de inúmeras espécies animais e vegetais, pode gerar renda para uma grande parcela da população carente que vive às suas margens.
A cobertura vegetal de manguezal ao longo do litoral do Espirito Santo foi estimada em 36 km², sendo que 18 km² na Baía de Vitória (Vale e Ferreira, 1998). O município de Vitória ainda detém a maior área de manguezais do Espírito Santo, com aproximadamente 11,38 km², com destaque para a Reserva Ecológica Ilha do Lameirão (lei municipal nº 3377/1986), com aproximadamente 10 km² de extensão.
Portanto, toda a parte interior da Baía de Vitória é constituída por exuberante vegetação de mangue que recobre a região noroeste do município de Vitória, e nas proximidades do Rio Santa Maria, em Cariacica.
A Rhizophora mangle é uma das espécies vegetais mais representativas, cujas raízes crescem perpendicularmente ao tronco, permitindo que esta espécie se desenvolva em terrenos alagadiços, de onde se extrai o tanino, importante elemento para confecção da panela de barro, uma tradição centenária capixaba.
Da variedade de espécies animais, o caranguejo é o mais expressivo, seguido pelo sururu, além das diversas aves que nidificam nas árvores. Da floresta de mangue, advém uma multiplicidade de manejos e símbolos culturais associados, tais como, a panela de barro, a cata do caranguejo e a prática das desfiadeiras de siri, cujas atividades são geradoras de renda para as populações ali residentes. Nesse contexto, destaca-se a Ilha das Caieiras, ícone dessa representação social do mangue.

Portanto, o mangue é um ecossistema com uma diversidade ecológica e cultural ríquíssima, mas mesmo com todas essas características excepcionais, historicamente, o mangue foi tido como proscrito, e associado à proliferação de doenças pela política sanitarista, especialmente no final século XIX até o séc. XX, com a urbanização.
Nessa perspectiva, grandes áreas de mangue foram devastadas para dar lugar à urbanização crescente nas cidades brasileiras. Nas últimas décadas, os mangues passaram a ser mais valorizados, a partir de uma ampla legislação ambiental e urbanística que os protegem, resgatando sua relevância ecossistêmica e paisagística.
Que a sociedade e, em especial, as novas gerações, tenham cada vez mais conhecimento e respeito a este importante ecossistema, a partir de políticas efetivas de educação ambiental e de gestão em todas as dimensões e escalas federativas.
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