O Brasil e o mundo vivem uma epidemia silenciosa: a do sedentarismo, que reduz significativamente a qualidade e a expectativa de vida. Um estudo publicado no British Journal of Sports Medicine alerta que uma rotina de exercícios físicos pode adicionar alguns anos à expectativa de vida.
Apesar de se basear no perfil da população dos Estados Unidos, o estudo pode ajudar a dar respostas para a realidade brasileira. No país, o impacto do sedentarismo é igualmente alarmante. Segundo o Ministério da Saúde, 47% dos brasileiros adultos não praticam o mínimo de 150 minutos semanais de atividade física recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Essa inatividade está diretamente associada ao aumento de doenças crônicas e ao encurtamento da vida.
A pesquisa estadunidense, que analisou dados de pessoas com mais de 40 anos, evidenciou que a diferença entre ser ativo ou não pode representar anos de vida perdidos. Para os menos ativos, a expectativa média de vida ao nascer seria de 73 anos, enquanto entre os mais ativos ela alcança 83,7 anos.
No Brasil, as doenças cardiovasculares, muitas vezes exacerbadas pelo sedentarismo, são responsáveis por cerca de 30% das mortes anuais, segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC).
Esses dados deixam claro que a falta de movimento cobra seu preço.
O estilo de vida sedentário está profundamente enraizado na rotina moderna. Entre as principais barreiras estão o uso excessivo de tecnologias, a predominância de trabalhos que demandam longas horas sentado e a escassez de políticas públicas que promovam a prática regular de atividades físicas. Para muitos, a falta de tempo é uma justificativa constante, mas o recente estudo mostrou que mesmo pequenas mudanças, como caminhar cerca de 50 minutos por dia, já podem trazer benefícios significativos.
No Brasil, dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2019 mostram que apenas 39% das pessoas praticam algum tipo de atividade física no tempo livre, indicando que há muito espaço para melhorias.
Os benefícios de se tornar mais ativo vão além da longevidade. A prática regular de exercícios reduz o risco de hipertensão, diabetes e obesidade. Além disso, promove saúde mental, aliviando sintomas de estresse e ansiedade, problemas cada vez mais comuns no cotidiano.
No entanto, o impacto do sedentarismo não é apenas individual, mas coletivo. Os custos relacionados ao tratamento de doenças associadas à inatividade física são altíssimos para os sistemas de saúde.
No Brasil, a estimativa é que o sedentarismo consuma aproximadamente R$ 300 milhões por ano em despesas médicas e hospitalares, segundo pesquisa da Universidade Federal Fluminense (UFF). Essa realidade reforça a necessidade de investimentos em infraestrutura e campanhas de conscientização para incentivar a prática de atividades físicas.

Na realidade brasileira, em que o envelhecimento da população é uma tendência para as próximas décadas, promover a atividade física é também uma estratégia para garantir que a população brasileira possa chegar à terceira idade com mais saúde e qualidade de vida. Movimentar-se não é apenas uma escolha individual, mas um compromisso com um futuro mais saudável, tanto para as pessoas quanto para a sociedade.
Porém, para que esse objetivo seja alcançado, nosso país precisa de uma confluência de esforços na esfera individual, somado a iniciativas de conscientização que envolvam o poder público e também a categoria médica, reforçando a conscientização sobre a importância da prática regular de exercícios físicos junto à população.
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