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É auditor do Estado na Secretaria de Controle e Transparência (Secont)

Falar de corrupção é fácil, quero ver combatê-la realmente

Como afirma o mestre Stephen Kanitz, “o Brasil não é um país corrupto. É apenas um país pouco auditado”. Então ousemos provar a ele que podemos mudar isso, sejamos todos auditores de nossas vidas

  • Lusmar Machado Moraes Pizetta É auditor do Estado na Secretaria de Controle e Transparência (Secont)
Publicado em 09/12/2021 às 02h00

Conversa atualíssima essa, em qualquer lugar, no trabalho, em casa, nas redes sociais, nos bares da vida... em qualquer lugar a corrupção é tema de debates, muitas vezes acalorados, e quase sempre misturado à política.

Pois é, mas quem só fala de corrupção da área pública, ou desconhece a realidade da coisa, ou se faz de desentendido para não ter que se olhar no espelho e se perguntar se também não faz parte daqueles que cometem um ato falho aqui e outro ali.

Corrupção é muito mais que um contrato superfaturado, ou uma estrada feita de qualquer jeito, ou uma escola caindo aos pedaços, é muito mais que dinheiro na cueca. A corrupção começa em casa, quase despercebida, em pequenos momentos do nosso dia a dia.

Sabe a faixa de trânsito? É para ser usada ao se atravessar a rua a pé. Sabe a seta não dada ao dobrar com o veículo? Então, também deve ser usada sempre. Sabe o troco errado que você não devolveu? Então, também é um ato de corrupção. Sabe aquele aparelhinho que simula os canais da TV paga? Pois é, corrupção. Vai vendo aí, faça um mea culpa. Quantas dessas você deixou passar por achar que a corrupção só é praticada pelos governantes, daquelas que saem nos jornais? E não para por aqui.

Colar na prova da escola? Corrupção. Dar cola ao colega? Também. Sair mais cedo do trabalho alegando qualquer coisa que não seja motivo real? Corrupção. Deixar de pagar uma dívida com alguém para ir passear? Corrupção. E por aí vai. Não adianta tentar quantificar ou qualificar a corrupção, ela não tem tamanho nem estilo, ela é o que é e pronto. Errada, sempre!

Ah, então sou um santo. Claro que não, sou um ser humano e, como tal, falho. Mas me policio muito, me vigio o tempo todo, afinal de contas, sou um auditor do Estado, sou do Controle Interno, estudei muito para estar onde estou hoje, e não posso divergir daquilo que eu mesmo prego. Se cobro integridade, o mínimo que posso ser é íntegro. E, no meu caso, isso vem de berço. Fui criado assim.

Sempre ouvi de meu pai e de minha mãe que aquilo que não é meu, eu não devo pegar. Adaptando isso ao meu atual momento, o que é do povo, que volte para o povo. Se a população paga impostos, esses impostos devem voltar para esse mesmo povo em forma de atendimento as suas necessidades básicas e projetos de governo que atendam aos anseios da sociedade, sem desvios, sem serviços mal prestados, sem grana na cueca, sem propina. Sem corrupção!

Ah, mas só um pouquinho não faz mal a ninguém. E foi pensando assim que quase se institucionalizou no Brasil o famoso “rouba, mas faz”. É de grão em grão que a galinha enche o papo, como diz o ditado popular. A famosa bola de neve que, de centímetro a centímetro, morro abaixo, só aumenta de tamanho e vai lá no sopé da serra e destrói a cidadezinha. É assim, de pequeno pecado em pequeno pecado que criamos um inferno.

Olhemos para nós mesmos, para nossa casa, nossa família, nossos amigos, nossa rua, nosso bairro... não podemos mudar o mundo, mas podemos melhorar a nós mesmos e aos nossos. Se cada um fizer a sua parte, podemos mudar esse cenário e extirpar, ou ao menos minimizar, a corrupção de nossas vidas. Mudemos o nosso entorno, vamos tentar servir de bom exemplo para alguém. Vamos participar do controle social, vamos auxiliar o Controle Interno, vamos fazer desse país aquele Brasil que tanto nos orgulha em nossos sonhos, que tanto almejamos para nossos filhos.

Como afirma o mestre Stephen Kanitz, “o Brasil não é um país corrupto. É apenas um país pouco auditado”. Então ousemos provar ao mestre que podemos mudar isso, sejamos todos auditores de nossas vidas! Quem sabe assim não faremos desse um país mais controlado, um país menos corrupto, um país que possamos deixar para nossos filhos sem temer pelo futuro deles.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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