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É psiquiatra e membro da ABP/APES

Fentanil: psiquiatria desempenha papel fundamental no tratamento de dependentes

O poliabuso de drogas, termo utilizado para descrever o uso de múltiplas substâncias em conjunto, é particularmente perigoso, pois amplia o risco de efeitos colaterais adversos e pode levar a problemas de saúde graves

  • Maria Benedita Reis É psiquiatra e membro da ABP/APES
Publicado em 29/05/2023 às 16h09

O fentanil, um analgésico opioide potente, tem ganhado destaque preocupante nos últimos anos devido aos seus efeitos devastadores na saúde mental. Atuando diretamente no sistema nervoso central para reduzir a percepção de dor, o fentanil se liga aos receptores opioides no cérebro, o que pode produzir efeitos de recompensa e prazer, resultando em seu uso indevido e desenvolvimento de dependência.

No contexto brasileiro, o fentanil já chegou ao país e ao Espírito Santo, com a primeira apreensão da droga ocorrida em Cariacica. Foram apreendidos 31 frascos da droga, que é mais forte do que a morfina.

Um dos principais efeitos do fentanil na saúde mental é a depressão respiratória. Isso pode levar a uma diminuição do fluxo de oxigênio para o cérebro, resultando em danos neurológicos e até mesmo risco de morte. A depressão respiratória também está associada a sintomas como sonolência extrema, confusão mental e falta de coordenação.

Além disso, o uso do fentanil pode desencadear sintomas de ansiedade e ataques de pânico. A droga interfere no equilíbrio químico do cérebro, afetando os neurotransmissores responsáveis pela regulação do humor e da ansiedade. Como resultado, os usuários podem experimentar intensa agitação, nervosismo, paranoia e sensação de desespero.

Outro impacto preocupante é o desenvolvimento de sintomas que podem ser semelhantes e até mesmo confundidos com transtornos como a depressão e o transtorno bipolar. Os sintomas podem incluir oscilações de humor intensas, alterações no sono, perda de interesse nas atividades diárias e pensamentos suicidas.

Local, que ficava na zona rural, era utilizado por organização criminosa como depósito e também para preparo dos entorpecentes
Frascos de fentanil são apreendidos em base do tráfico de Cariacica. Crédito: Divulgação | Polícia Civil

A dependência é uma grave consequência do uso de fentanil. A droga pode criar uma forte compulsão psicológica e física, levando à necessidade contínua de uso para evitar sintomas de abstinência. O uso do fentanil pode dominar a vida de uma pessoa, levando a problemas sociais, profissionais e familiares.

Quando o fentanil é combinado com outras drogas, como maconha e cocaína, seus efeitos são potencializados, aumentando a sensação de euforia. Além disso, o uso do fentanil pode aumentar a tolerância a outras substâncias, o que leva as pessoas a precisarem de doses mais altas para alcançar os mesmos efeitos desejados. Essa busca por doses cada vez maiores aumenta significativamente o risco de overdose.

O poliabuso de drogas, termo utilizado para descrever o uso de múltiplas substâncias em conjunto, é particularmente perigoso, pois amplia o risco de efeitos colaterais adversos e pode levar a problemas de saúde graves. No caso do fentanil, especificamente, trata-se de uma droga altamente potente e, quando combinada com outras substâncias, pode resultar em consequências fatais.

A psiquiatria desempenha um papel fundamental no tratamento de indivíduos dependentes em fentanil. Profissionais especializados podem oferecer suporte psicoterapêutico, que auxilia na compreensão dos fatores que contribuíram para a dependência e no desenvolvimento de estratégias de enfrentamento saudáveis. Além disso, medicamentos específicos podem ser prescritos para ajudar na desintoxicação e na redução dos sintomas de abstinência.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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