As discussões em torno do futuro dos galpões do IBC em Jardim da Penha voltaram à tona com força no cenário capixaba e já rendem acalorados debates e muita polêmica. Não é para menos, afinal estamos falando de uma área de 33 mil metros quadrados em uma das regiões mais nobres e valorizadas da Capital.
Um embate que rende muitas reflexões e questionamentos. A começar pelos motivos do seu tombamento e que não nos parecem muito claros. Afinal, o que esses galpões que, historicamente, armazenavam sacas de café, geravam intenso trânsito de caminhões no bairro e, com o passar dos anos, transformaram-se em abrigo de moradores de rua têm de importância cultural para serem tombados? O que teria motivado esse inusitado pedido? E mais ainda: por que, outra vez, está sendo apontada uma destinação que nada tem a ver com os anseios e as expectativas dos seus principais interessados: os moradores da região?
Num primeiro momento, o Ifes tentou se instalar na área, sendo que o mais indicado para isso seria o campus da Ufes, com seus mais de 1,5 milhão de metros quadrados e toda condição para receber uma estrutura do Instituto. Agora, essa tentativa de obstacular o leilão previsto com a solicitação de tombamento, pelo Conselho Estadual de Cultura, alegando um - questionável - interesse cultural.
Pois bem, se há algo que essa pandemia do novo coronavírus tem nos ensinado é que já não há mais espaço no mundo para vivermos como vivíamos. Mais do que nunca é preciso pensar coletivamente, fomentar o diálogo entre os diversos atores da sociedade e tomar decisões focadas no bem comum e nos interesses de toda a sociedade, e não de partes dela.
Se estamos aprendendo essa lição, a primeira pergunta a se fazer sobre o futuro dos galpões é qual a verdadeira vocação desse grande e subutilizado espaço? A resposta é simples: agregar qualidade de vida para o bairro e para a sua população.
E como fazer isso? Com o bom e velho consenso. São inúmeros os benefícios que um projeto bem elaborado e sustentável pode render à região. Afinal, torná-lo inviável economicamente, engessado arquitetonicamente e limitado pelas questões jurídicas inerentes ao processo de tombamento só o transformarão em um “novo” Carmélia Maria de Souza ou Cais do Hidroavião. Uma experiência que, certamente, não queremos repetir.
É preciso ouvir e entender o que os moradores querem. E, para eles, essa pode ser uma grande oportunidade de conseguir espaços tão desejados e necessários, como áreas verdes e de vivência da terceira idade, escola de ensino infantil ou materno, estruturas para ensino de arte e cultura.
Em complemento, ganham também com a infraestrutura que a iniciativa privada pode agregar à região. A partir do uso misto, com imóveis residenciais de elevado padrão que atenda às regras do PDU e todas as melhorias que promovem, como comércio, serviços, entretenimento e lazer, Jardim da Penha verá nascer, depois de longos anos, um projeto moderno e sustentável, condizente com o mundo que viveremos daqui pra frente.
O autor é consultor imobiliário
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