Você já ouviu falar em ‘golpe do amor’, ‘golpe romântico’ ou ‘romance scam’? Esta semana me deparei com esses termos ao tomar conhecimento de uma pessoa próxima que foi vítima de estelionato amoroso. O golpe se deu por meios virtuais. Foi nesse momento em que me dei conta de que a história que aconteceu com uma mulher francesa de 53 anos que acreditava estar vivendo um romance à distância com o ator Brad Pitt pode ser mais comum do que eu ousava imaginar. A vítima passou ao 'astro de Hollywood' o equivalente a R$ 5,2 milhões. O ‘namorado’ impostor alegou que precisava de dinheiro para pagar um tratamento renal.
Geralmente, os golpistas usam como estratégia o envolvimento afetivo, buscando mulheres fragilizadas emocionalmente e com boa situação financeira, claro. Eles se aproveitam das facilidades proporcionadas pela internet que, ao mesmo tempo em que revolucionou a forma como nos comunicamos, aproximando pessoas, também se tornou uma ferramenta perigosa nas mãos de criminosos, que utilizam o ambiente virtual para aplicar os seus golpes.
Os criminosos criam perfis falsos em redes sociais, aplicativos de namoro ou e-mails, se passando por celebridades ou empresários bem-sucedidos. Para dar credibilidade à farsa, utilizam fotos, vídeos e postagens reais dessas figuras públicas. Para conquistar a vítima, o fraudador a elogia e diz que está em busca de um relacionamento sincero. Quando percebe que está agradando, intensifica o contato, compartilha histórias falsas e faz juras de amor.
Até que o algoz inventa uma situação urgente, como problemas financeiros ou emergências médicas e pede ajuda à ‘amada’. Muitas mulheres, envolvidas emocionalmente, acabam enviando, desde quantias pequenas até valores mais significativos.Em alguns casos, a situação se repete e persiste por longo tempo. Se questionado, o golpista ameaça desaparecer ou finge estar magoado para manter a mulher presa à ilusão.
Quando a vítima percebe a fraude ou se recusa a continuar enviando dinheiro, o criminoso some e bloqueia todos os contatos. Aí começa o pesadelo e essas mulheres são tomadas por sentimentos como vergonha, culpa e raiva.
O aumento de casos assim é alarmante e no Brasil já há alertas e orientações para vítimas até mesmo no site do governo federal (gov.br). Esse tipo de crime pode ser enquadrado como violência patrimonial na Lei Maria da Penha (artigo 7º - Lei 11.340/2006). Muitas mulheres, contudo, têm medo de prestar queixa após sofrer um golpe ou quando decidem romper o ciclo de relacionamento abusivo.

A denúncia, no entanto, é a melhor forma de proteção, além de ajudar no mapeamento dos golpistas. É importante registrar a ocorrência em delegacia especializada. O dinheiro perdido dificilmente será recuperado, mas as mulheres extorquidas e fragilizadas podem procurar amparo na Central de Atendimento à Mulher (telefone 180) e na Defensoria Pública.
Buscar uma rede de apoio neste momento é fundamental. Afinal, além de causar prejuízo patrimonial, o estelionato amoroso pode abalar a saúde mental das vítimas. O ideal é que quem tenha caído em golpes dessa natureza procure suporte psicológico.
Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.