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É coordenador-geral do Núcleo Espírito Santo do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC)

Governança corporativa também é para startups

A ausência de governança pode levar uma startup ao fracasso, por falta de clareza nos papéis e responsabilidades dos fundadores, conflitos entre sócios ou falta de controle financeiro

  • Adriano Salvi É coordenador-geral do Núcleo Espírito Santo do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC)
Publicado em 22/10/2024 às 12h15

Startups são associadas à inovação e crescimento acelerado. Porém, muitas falham em atingir seus planos, por problemas além do mercado ou do produto. Muitas vezes o insucesso se deve a desalinhamentos societários e de gestão. Assim como para qualquer empresa, boas práticas de governança corporativa são a chave para as startups superarem esses desafios. Embora seja comum associar governança a grandes empresas, startups também devem priorizá-la, ajustando as práticas conforme sua maturidade.

A ausência de governança pode levar uma startup ao fracasso, por falta de clareza nos papéis e responsabilidades dos fundadores, conflitos entre sócios ou falta de controle financeiro.

Empresas nascentes estão sujeitas a muitas incertezas. Boas práticas de governança ajudam na mitigação de riscos, na tomada decisões estratégicas assertivas e permitem que a empresa escale de maneira ordenada.

A adoção de boas práticas deve ser adaptada a cada fase da startup. A começar com as mais simples, que evoluem conforme o negócio cresce e a empresa passa pelas fases de ideação, validação, tração e escala.

Na fase de ideação, a startup está sendo formada e, frequentemente, nem tem uma estrutura jurídica. Porém, o relacionamento entre sócios já exige definições sobre papéis, responsabilidades e formas de contribuição. A criação de um acordo formal entre fundadores é uma prática recomendada, definindo os aportes de cada sócio, as regras de entrada e saída e as futuras participações societárias.

Na fase de validação, ao testar seu modelo de negócios e começar a atrair investidores, a startup deve formalizar sua estrutura jurídica e estabelecer um acordo de sócios. Além disso, é necessário desenvolver controles para prestação de contas aos sócios e investidores. Isso ajuda a garantir a transparência e o bom uso dos recursos.

Na fase de tração, o produto ou serviço já está validado e o foco é conquistar clientes e aumentar o faturamento. A governança passa a ter um papel ainda mais crítico, com a necessidade de profissionalização da gestão. A criação de um conselho consultivo é importante, fornecendo suporte estratégico à medida que ela cresce.

Na fase de escala, é fundamental que as práticas de governança estejam bem estabelecidas, garantindo que o crescimento acelerado ocorra de maneira ordenada. A formalização de um conselho de administração e a criação de mecanismos de monitoramento de desempenho e riscos são práticas importantes nessa etapa.

Os jovens têm impulsionado as empresas para serem mais inovadoras
Os jovens têm impulsionado as empresas para serem mais inovadoras. Crédito: Freepik

Boas práticas de governança facilitam o acesso ao capital, atraindo investidores por meio de maior transparência, organização e mitigação de riscos. Além disso, a governança preserva a cultura e os valores da empresa durante o crescimento, promovendo um ambiente de colaboração e confiança, o que reduz conflitos e aumenta as chances de sucesso sustentável.

O IBGC desenvolveu a ferramenta Métrica de Governança Corporativa para Startups & Scale-ups, disponibilizada gratuitamente. É um instrumento de aferição elaborado com base na publicação Governança Corporativa para Startups & Scale-ups também do instituto. O objetivo da métrica é estimular essas empresas a refletirem sobre o seu contexto e a sua jornada de governança corporativa, em direção à adoção das melhores práticas.

Em suma, governança corporativa não é só para grandes corporações. Startups também devem incorporá-la, conforme crescem e se tornam mais complexas, para mitigar conflitos, atrair investidores e promover o crescimento sustentável da empresa.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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