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Vice-governador e secretário de Estado de Desenvolvimento, apresenta neste espaço temas e reflexões sobre os setores que contribuem para o desenvolvimento social e econômico das pessoas e do Espírito Santo

'Guerra' Coreia x Brasil: em renda, país asiático tem três vezes mais munição

Comparação mostra que o país precisa ter uma estrutura produtiva mais elaborada, dominar tecnologias de fronteira, com mais indústrias e serviços sofisticados

  • Ricardo de Rezende Ferraço Vice-governador e secretário de Estado de Desenvolvimento, apresenta neste espaço temas e reflexões sobre os setores que contribuem para o desenvolvimento social e econômico das pessoas e do Espírito Santo
Publicado em 22/06/2024 às 02h30

No nosso último artigo, falamos sobre os efeitos positivos da reforma trabalhista e prometemos explorar o assunto da chamada “Armadilha da Renda Média”. O tema envolve diferentes visões e abrange diversos ângulos, políticas industriais, segurança jurídica e estabilidade institucional.

Paulo Gala, professor e economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV), ao apresentar “Por que o Brasil não é uma sociedade rica?”, fez uma comparação Brasil x Coreia do Sul. Nosso país era uma das economias que mais cresciam no mundo entre os anos 1930 e 1980, mas estagnou crescendo pouco na média, enquanto países que tinham renda menor que a do Brasil na década de 1970, hoje superam muito. “Nos anos 70 o Brasil era três vezes mais rico que a Coreia. Hoje a renda da Coreia é três vezes maior do que a do Brasil”. Para ele, a diferença entre o Brasil e os países desenvolvidos está na qualidade dos empregos, “qualidade em termos de qualificação, do que é produzido e da qualidade das empresas”.

Este é o foco principal. O país precisa ter uma estrutura produtiva mais elaborada, dominar tecnologias de fronteira, com mais indústrias e serviços sofisticados. Não bastam só commodities, agro, petróleo e minério. É necessária a iniciativa empreendedora, com o apoio explícito de um Estado regulador e indutor, com política industrial ativa.

Em outras palavras, qualidade dos empregos significa postos de trabalho melhores e com salários maiores. É pela via da qualificação dos trabalhadores, das funções desempenhadas e das empresas que será possível aumentar os salários e fugir da “Armadilha da Renda Média”.

Os países desenvolvidos são admirados não apenas pela capacidade e organização de seus governos, mas também pela qualidade de suas empresas, que são referências como marcas mundiais e no campo da inovação. Tomando o exemplo da Alemanha, logo vem à mente Mercedes, Volkswagen e Bayer, entre tantas outras companhias de projeção mundial e a qualidade dos empregos que elas oferecem. Quando lembramos da Coreia do Sul, surgem Samsung, Hyunday, LG, dentre outras.

No artigo publicado em A Gazeta, intitulado “Um Plano Safra para a Indústria Brasileira”, chamamos atenção que “A questão, portanto, não é se devemos ter uma política industrial ou não. Mas da qualidade de tal política, do controle que a sociedade tem sobre a aplicação dos subsídios oferecidos e sobre os resultados alcançados.” Exemplificando, o Brasil não pode repetir fracassos de um passado recente, como o da Sete Brasil. Indução sim, mas com responsabilidade. Na verdade, a nossa inspiração deve ser casos de sucesso como a Embraer.

O dinamismo do agro brasileiro, sobretudo a partir de 1990, acarretou um crescimento notável de sua produtividade e produção pela agregação de inovação e tecnologia, sem a necessidade proporcional de expansão física da área cultivada, hoje converge com a evolução da indústria e dos serviços. O agro, com os casos de sucesso do Plano Safra e da Embrapa, serve de exemplo e deve estar integrado a qualquer proposta de política industrial para o país.

A agenda para a “Armadilha da Renda Média” tem um pouco de cada coisa: um país menos fechado ao exterior; um ambiente com mais segurança jurídica; previsibilidade e o aprofundamento da reforma do Estado brasileiro.

Em substituição ao debate do Estado Mínimo e do Estado Máximo, o que precisamos é de um Estado eficiente.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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