Em todo o mundo, a Hepatite B acomete entre 250 e 300 milhões de pessoas, provocando a morte de mais de 600 mil todos os anos. No Brasil, de acordo com a última estimativa feita pelo Ministério da Saúde, cerca de 0,52% da população vivia com infecção crônica pelo vírus HBV em 2017, o que corresponde a aproximadamente 1,1 milhão de pessoas.
Entre os infectados, uma média de 5% a 10% dos indivíduos tornam-se doentes crônicos. Dentre esses, cerca de 20% a 25%, que apresentam replicação (multiplicação) do vírus, evoluem para a doença hepática avançada. Todos esses números servem para evidenciar que a Hepatite B é um grave problema de saúde pública, que se torna ainda mais ameaçador em função do baixo percentual de diagnósticos.
Outro fato agravante é que essa doença, cujo vírus é transmitido por meio do contato com fluidos corporais de uma pessoa infectada (como sangue, sêmen, secreção vaginal e leite materno e transmissão materno-fetal), costuma se desenvolver de forma silenciosa. Explico melhor: em indivíduos adultos expostos exclusivamente ao HBV, a cura espontânea ocorre em cerca de 90% dos casos. Mas, quando isso não ocorre, a doença se instala no fígado sem sintomas aparentes, o que pode levar a um quadro crônico.
Nesse estágio, a infecção permanece ativa e pode favorecer o aparecimento de cirrose (formação de cicatriz mais rígida no fígado) ou outras complicações hepáticas, como o câncer do fígado.
Mas é importante falarmos também que essa doença pode tanto ser prevenida quanto tratada. Em relação à prevenção, a vacina contra o vírus está disponível no Sistema Único de Saúde para todas as pessoas não vacinadas. Em crianças, a recomendação é que se façam três doses com intervalo de 0, 30 e 180 dias.
Já o tratamento é feito em pacientes com replicação do vírus e costuma ser longo, muitas vezes com duração indefinida, sempre dependendo do estágio da doença e das condições de cada um. No entanto a evolução das pesquisas científicas nos leva às notícias animadoras, como a publicação de um novo Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) e a incorporação pelo SUS do medicamento tenofovir alafenamida, de uso oral, que provoca menos efeitos adversos e favorece os pacientes sob risco ou com doença renal e óssea estabelecida.
A redução dos danos causados pela Hepatite B depende de que todas essas frentes de atuação, desde a prevenção até o tratamento, funcionem. Para isso, o primeiro passo é a informação e a conscientização da sociedade.
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