Chegando o mês em que se comemora o Dia dos Pais, agosto, e passando pelo Dia dos Homens, celebrado em 15 de julho, devemos refletir sobre o homem da contemporaneidade e suas mudanças.
A autora do livro "O Mito do Amor Materno", Elizabeth Badinter, traz uma análise histórica sobre o amor de mãe, inclusive quebrando o tabu de que o mesmo é instinto e colocando-o como uma construção e determinação histórico-social. A obra conta a história da burguesia branca europeia do século XVIII e da necessidade da mulher de ocupar este local de “mãe cuidadora”, devido a questões sociais como guerra, mortalidade infantil e diminuição de renda. As crianças burguesas que nasciam e eram entregues às "amas de leite” para cuidado e sustento agora passam a ser responsabilidade de suas mães.
O livro nos informa que, enquanto a mulher ocupa este lugar da dona de casa e responsável pela criação dos filhos (privado), o homem desloca-se pelos âmbitos do trabalho, das universidades e da política (público).
Carregamos essa herança colonizadora secular! Contudo, a luta pela igualdade de gênero instaurada pelo movimento feminista possibilita o adentrar da mulher nos locais públicos, como o mercado de trabalho. E, na busca de igualdade, cobram que os homens adentrem no âmbito do privado, as casas e a criação de seus filhos.
As consequências são mudanças legislativas referentes à igualdade de direito dos genitores (Constituição de 1988) e de deveres (Estatuto da Criança e do Adolescente, Código Civil e Lei da Guarda Compartilhada). Os efeitos também são sentidos nas mudanças jurídicas que preveem indenizações por abandono afetivo de pais sobre seus filhos e multas em dinheiro por sua ausência afetiva (sim, convivência familiar é direito da criança e do adolescente e dever dos pais).
Inclusive, de acordo com estudo feito pelo IBGE em 2017, o Espírito Santo é um dos Estados em que mais se tem a determinação de guarda compartilhada e Vitória se encontra no topo das capitais brasileiras.
Portanto apreciamos mudanças sociais e também comportamentais! Os homens, ao adentrarem nessas casas, passam a ter experiências até então não vivenciadas. Antes exclusivamente provedores econômicos, agora deparam-se com trabalhos domésticos, com uma paternidade de responsabilidade sobre o desenvolvimento dos filhos e, principalmente, com novas formas de afetos!
E são essas experiências, essas afetações, cobradas pela sociedade ou não, que vêm tornando os homens/pais cada vez mais participativos, presentes, amorosos e companheiros de seus filhos e de suas famílias.
O deslumbre da descoberta da infância das mulheres, contada no livro, aparentemente está ocorrendo agora com os pais.
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A sociedade vem ressignificando o Ser Homem e, de certa forma, caminha em direção a uma igualdade que só engrandece os envolvidos, pois permite o crescimento profissional, familiar e social de todos de maneira equânime, além de ofertar a nossas futuras gerações este olhar de igualdade de direito, mudando assim a história da humanidade.
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