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É membro da CICAPI - Comunidade Israelita Capixaba

Holocausto foi a culminação de um processo de construção do ódio

Neste Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, devemos lembrar que atitudes que desqualifiquem a humanidade de outra pessoa ou grupo devem ser rejeitadas por cada indivíduo em particular e pela sociedade como um todo

  • Dalia R. Blumgrund Loschiavo É membro da CICAPI - Comunidade Israelita Capixaba
Publicado em 27/01/2022 às 14h00
Holocausto
Holocausto: campo de extermínio Auschwitz-Birkenau. Crédito: Pixabay

Dia 27 de janeiro é o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto. Essa data foi estabelecida em 2005 pela Assembleia Geral das Nações Unidas, sessenta anos após o fim da Segunda Guerra Mundial, em recordação às vítimas do Holocausto e de subsequentes genocídios, como os ocorridos em Ruanda, Camboja, Bósnia e Darfur. O dia 27 de janeiro de 1945 marca a libertação do maior campo de extermínio nazista, Auschwitz-Birkenau, pelas tropas soviéticas.

Neste ano de 2022, as Nações Unidas dedicam este dia à memória, à dignidade e à justiça. É imperativo, na terceira década do século 21, documentar e contar a história, especialmente se levarmos em consideração que restam muito poucos sobreviventes. Resguardar os registros históricos, recordar as vítimas e desafiar distorções expressadas no antissemitismo contemporâneo são ações fundamentais para resgatar a dignidade e fazer justiça àqueles que, na intenção dos perpetradores, deveriam não só ser eliminados, mas também condenados ao esquecimento.

Esse genocídio vitimou seis milhões de judeus, além de ciganos, homossexuais, deficientes físicos e mentais, opositores políticos e prisioneiros de guerra, como poloneses e russos. Devemos entender o Holocausto como a culminação de um processo de construção do ódio.

Quando o partido nazista surgiu em 1920, o antissemitismo era um elemento que já fazia parte da plataforma. A discriminação e a exclusão de todos esses grupos foram se dando progressivamente, contando com a aprovação de alguns e o silêncio de outros, seja por medo, seja por descaso.

Revisitar o passado não pode se limitar a recordar. Deve servir de alerta e incentivo para que a história não se repita. Combater o antissemitismo, o racismo e toda forma de discriminação e violência é imperativo para a construção de uma sociedade justa e solidária.

Desconhecer a história estabelece um terreno fértil para a distorção, manipulação e a negação do passado. Nos primeiros anos do pós-guerra, conversas sobre temas antissemitas e discriminatórios não eram toleradas. Sou da geração que acreditava que algo assim jamais se repetiria. Nos últimos anos, essas restrições parecem ter sido esquecidas e vemos, com espanto, que essas atitudes não ficam restritas à retórica e passam a atos e atentados violentos em vários lugares do mundo, incluindo o Brasil. Atitudes nazistas, discriminatórias, que desqualifiquem a humanidade de outra pessoa ou grupo, devem ser rejeitadas por cada indivíduo em particular e pela sociedade como um todo.

Sendo assim, consideramos de suma importância o Dia em Memória das Vítimas do Holocausto ter sido incluído no calendário do município de Vitória em 2017, atendendo a uma iniciativa da CICAPI (Congregação Israelita Capixaba).

Nosso desejo é que neste 27 de janeiro, e em todos os dias subsequentes, possamos olhar para a história com o objetivo de dar testemunho e construir uma sociedade que não admita atitudes como aquelas que culminaram nos horrores do Holocausto.

Em memória a meus pais, sobreviventes do Holocausto, e a todas as vítimas do genocídio.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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