Estamos vivendo grandes transformações na nossa sociedade em virtude das restrições sociais motivadas pelo surto do novo coronavírus. Este momento é único para a nossa geração e tem provocado uma série de reflexões, entre elas, sobre o excesso de concentração populacional e econômica nos grandes centros urbanos e a busca por alternativas viáveis para modificar essa realidade.
Com o esvaziamento das ofertas de emprego nas cidades menores, a única alternativa para quem buscava prover as condições básicas de sustento para a sua família, ou mesmo alcançar uma ascensão profissional, era se mudar para uma grande cidade ou capital próxima, colaborando para o agravamento de uma série de problemas, como a escalada da violência, o estrangulamento das vias de mobilidade urbana, o esgotamento dos recursos ambientais, e o aumento da incidência de uma série de doenças psíquicas e emocionais como fobias, depressão, estresse e até a ansiedade.
Mesmo sendo o 5° país do mundo em área territorial, o Brasil acumula 22% da sua população de 207 milhões de brasileiros em apenas 20 cidades, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Só a cidade de São Paulo, com os seus 12 milhões de habitantes, reúne 63% das empresas multinacionais presentes no Brasil e é responsável por quase 11% de todo o PIB brasileiro, figurando entre as 10 maiores aglomerações humanas do mundo.
Com a crise da Covid-19, milhares de empresas de todos os setores e tamanhos estão repensando suas estratégias de negócios e avaliando a adoção de novos processos, metodologias e tecnologias que permitem a expansão do número de atividades executadas de maneira remota, provocando uma mudança radical na cultura organizacional das companhias, nas relações trabalhistas e na confiança entre empregadores e funcionários.
Diante da movimentação em torno do home office, é plausível também que tenhamos uma diminuição, ou até inversão, da movimentação de pessoas das cidades do interior para os grandes centros, cujos benefícios poderão ser sentidos em vários aspectos.
Nesse contexto, a Organize Cloud Labs, empresa de São Paulo que atua no setor de tecnologia da informação, é prova vida do sucesso dessa experiência. Desde a sua fundação, em 2014, o trabalho remoto tem sido adotado com sucesso em todas as suas áreas e atividades da empresa, permitindo que todos os seus colaboradores continuem vivendo em suas cidades de preferência.
Apenas 35% do nosso quadro de funcionários optaram por morar na cidade de São Paulo, e mesmos esses, deram preferência para executarem as suas atividades de maneira remota, entregando resultados de produtividade e qualidade superiores àquelas executadas na sede. A execução das tarefas a partir de suas casas trouxe vantagens como bem-estar, redução de estresse, mais tempo com a família e maior frequência de atividades físicas e de lazer.
A qualidade de vida agradece, e o supermercado, a padaria, a academia, a escola, os profissionais autônomos da saúde e toda a economia local também se beneficiam. É notório que ao manter as pessoas fora das grandes cidades, movimentamos a economia local e podemos assim diminuir a intensidade de uma série de problemas urbanos e melhorar a qualidade de vida das pessoas e a produtividade de todos, apenas ajustando o foco de gestão do tempo para a gestão de atividades, e aplicando um ferramental já disponível e experimentado há um bom tempo no mercado.
Vamos aproveitar o momento para colocar em prática uma série de medidas públicas que estimulem o surgimento de mais empregos na modalidade home office, assim como o fortalecimento da infraestrutura tecnológica e de comunicação disponível. Desse modo, muito provavelmente consigamos atenuar muitos dos desafios urbanos, além de estimular a economia local e a criação de empregos por todo o nosso território nacional.
O autor é CEO e fundador da Organize Cloud Labs
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