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É doutorando em Administração e diretor do Senac

Educação profissional pode impulsionar saúde, tecnologia e turismo no ES

Investir em educação profissional pode dar bons retornos à economia capixaba. Temos um ambiente favorável para isso e é importante avançar

  • Richardson Schmittel É doutorando em Administração e diretor do Senac
Publicado em 12/09/2023 às 21h41

As matrículas em Educação Profissional têm aumentado ano a ano no Brasil. No entanto, das 5 milhões de matrículas anuais estipuladas pelo Plano Nacional de Educação (PNE) para 2024, o Brasil só conseguiu atingir 2 milhões de matrículas em 2023. Não atingir essa meta tem impacto direto na economia, uma vez que esse nível de educação tem o objetivo de desenvolver conhecimentos e habilidades para que jovens e adultos possam exercer atividades profissionais, com produtividade e qualidade necessárias para o crescimento econômico brasileiro.

Um estudo realizado pelo Itaú Emprego e Trabalho, de 2023, indica que o Brasil, com apenas 8% de concluintes de Ensino Médio com Educação Profissional, fica bem atrás de países como o Chile (29%), Colômbia (24%) e México (34%). Isso tem implicações econômicas como baixa produtividade e menores taxas de crescimento do país, mas também pode representar uma oportunidade.

Em tempo: o mesmo estudo indica que aumentar a oferta de ensino médio técnico tem impacto direto no PIB brasileiro, podendo representar aumento de 2,32% caso essa oferta seja triplicada, mesmo considerando o aumento do custo adicional pela oferta dessas novas vagas.

O aumento da oferta de vagas em ensino técnico também tem um importante impacto social. Os estudos indicam que os concluintes de cursos de ensino técnico possuem maior chance de conquistar um emprego, melhores níveis salariais e maior desempenho quando cursam o ensino superior. Além disso, pode representar o desenvolvimento econômico, principalmente quando falamos do Espírito Santo.

Comparando os indicadores do Estado com os indicadores brasileiros, a população capixaba possui, proporcionalmente muito mais ofertas de vagas de cursos técnicos. Isso equivale a 40% da oferta do Ensino Médio Regular, com vagas distribuídas nas redes públicas, privadas e no Sistema S. O Brasil conta com apenas 26% de vagas nessa modalidade. Contudo, mesmo com uma boa oferta de vagas, ainda temos boas oportunidades no Estado, quando comparamos o portifólio de cursos que são destaque no Brasil nos eixos de informação e comunicação; ambiente e saúde; e turismo, hospitalidade e lazer.

Os dois primeiros refletem uma demanda de profissionais de âmbito nacional e o último, uma oportunidade relacionada à vocação econômica do Espírito Santo. O eixo de informação e comunicação conta com cursos na área de Tecnologia da Informação e de comunicação, dois setores em plena expansão. Um estudo do Google indica que o Brasil terá um déficit de 530 mil profissionais dessas áreas até 2025, o que pode ser uma grande oportunidade para os capixabas. O Estado é um celeiro de startups com tecnologia embarcada, que estão se destacando em todo o país.

A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) estima que a América Latina já possua um déficit de 600 mil profissionais na área de saúde, o que resulta em dificuldade de atendimento e rotatividade de profissionais, principalmente longe dos centros urbanos. Especificamente sobre o tema saúde, temos uma nova configuração do mercado profissional, ocasionada após o estabelecimento do piso nacional da enfermagem. A situação interferiu nos níveis salariais e responsabilidades dos profissionais do setor. A mudança impacta, principalmente, o mercado privado e gera interesse em profissionais daqui.

Educação
Educação. Crédito: Weverson Rocio/Senac

Outros tipos de cursos desse eixo de ambiente e saúde interessantes para o Estado são os cursos do segmento de meio ambiente, que possuem demanda profissional crescente em toda transversalidade da forte cadeia de produção industrial capixaba. Por último, temos o eixo turismo, hospitalidade e lazer que, segundo informações do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), teve aumento de 17% no volume de atividades no último quadrimestre e crescimento do número de empregos formais.

Destaco esse eixo em função do acréscimo no número de oportunidades e da baixa oferta de vagas para cursos aqui no Estado, comparado ao cenário nacional. Essa é uma situação que pode indicar uma grande oportunidade para formalizar esse mercado e melhorar a qualidade dos serviços prestados.

O retorno dos investimentos em Educação Profissional é nítido, e avançar nesses três eixos pode ajudar o Espírito Santo a se destacar e destravar três setores que estão em plena ascensão em território nacional, gerando benefícios econômicos e sociais para o Estado.

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