Autor(a) Convidado(a)
É pastor, doutor em Ciências da Religião, professor e escritor

Imagens do Afeganistão denunciam a nossa monstruosidade

No altar da ganância e insensibilidade internacionais, pisoteado por um tipo desumanizador de interpretação religiosa, o povo é sacrificado e a vida transforma-se em nada

  • Kenner Terra É pastor, doutor em Ciências da Religião, professor e escritor
Publicado em 20/08/2021 às 14h00
Afeganistão
Os evacuados lotam o interior de uma aeronave de transporte da Força Aérea dos EUA, levando cerca de 640 afegãos de Cabul, Afeganistão, para o Qatar, em 15 de agosto . Crédito: Reuters/Folhapress

O mundo inteiro acompanha atônito a tensão no Afeganistão e o drama da sua população. Após duas décadas de conflitos, as tropas dos EUA deixaram o território, e imediatamente o Talibã avançou até tomar a capital, pouco depois do presidente fugir do país.

Como desabafou a jornalista afegã Waslat Hasrat-Nazim: “A razão pela qual muitos estão chocados é que estão começando a perceber que seus governos não invadiram o Afeganistão 20 anos atrás para defender os direitos humanos, mas somente por interesses políticos”.

Em consequência, temendo o radicalismo do novo governo, milhares de pessoas tentam fugir do país, gerando um colapso no aeroporto de Cabul. As cenas do povo afegão tentando desesperadamente entrar no avião americano é angustiante. Nos vídeos, a multidão se abarrota e as pessoas, umas sobre as outras, agarram-se à fuselagem da aeronave – alguns foram gravados caindo do céu enquanto o avião estava em voo.

Testemunhar essa atrocidade gera um misto de dor e revolta, especialmente ao sabermos que a história dessa pequena região é marcada por disputas políticas, fanatismo religioso e violação dos direitos humanos.

Na verdade, o que estamos acompanhando é o resultado de anos de barbárie e jogos de poder. Diante do colapso humanitário, as grandes nações simplesmente contabilizam o custo-benefício deixando os afegãos e afegãs à própria sorte.

No altar da ganância e insensibilidade internacionais, pisoteado por um tipo desumanizador de interpretação religiosa, o povo é sacrificado e a vida transforma-se em nada. As imagens que explodem na mídia diminuem a humanidade e denunciam o quanto podemos ser monstruosos.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

A Gazeta integra o

Saiba mais

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.

A Gazeta deseja enviar alertas sobre as principais notícias do Espirito Santo.