Performances que lembram mais um miniadulto do que a representação da infância: cuidar da casa, dos irmãos mais novos, servir de mediador da relação dos pais ou até mesmo serem feitos de sustento emocional para escutar os problemas da família. Isso se chama parentalização, a criança colocada como responsável por atender as necessidades físicas e emocionais de seus cuidadores. Ainda, nessa inversão, crianças são obrigadas a amadurecer precocemente, forçando uma estratégia adaptativa de sobrevivência.
Por essas e outras que não devemos nos orgulhar quando conhecemos uma criança “muito madura” para sua idade. Pois não existe criança madura, existem crianças que estão inseridas em ambientes onde não podem se comportar como crianças, não por opção, mas por lhe faltarem o suporte necessário para tal.
A princípio, podem ser elogiadas como disciplinadas e boas ouvintes, porém, nada poderia estar mais longe da verdade, já que a criança submetida a responsabilidades não condizentes com sua etapa de desenvolvimento precisará lidar com consequências não só durante a infância, mas também na vida adulta. Adultos que encaram sentimentos de solidão, sobrecarga e dificuldades para receber. Ou até mesmo traumas em referência às negligências que permeavam seu contexto.
É urgente falar sobre a preservação da infância, assim como a saúde mental dos adultos.
Adultos que fazem seus filhos de suporte emocional precisam buscar ajuda qualificada e profissional, para que seja possível oferecer às crianças um lar seguro, de afetos positivos e atenção, para que possam se desenvolver conforme cabe sua maturação.
Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.