O grande economista-político Karl Marx inicia o Manifesto Comunista com um alerta: "um fantasma ronda a Europa, o fantasma do comunismo". Essa obra é extremamente panfletária e, de certa forma, já caiu no descrédito acadêmico. Marx ainda é lembrado como um grande crítico do modo de produção capitalista, mas como ideólogo das superações das desigualdades sociais já está decrepitado.
Desde o fim de 2020 o Brasil se vê frente ao retorno de um fantasma, há muito soterrado na economia brasileira – a inflação. A incapacidade dos atuais economistas, sobretudo, os que gostam da pecha de liberais e que são cegamente capitaneados por Guedes, vai ressuscitar o fenômeno da inércia inflacionária. Esse fenômeno consistia em arremessar a inflação do passado para o futuro numa espiral ascendente e desenfreada.
A inflação no Brasil já destruiu, no mínimo, dois planos econômicos, a saber, o Plano Cruzado e o famigerado Plano Collor. O único plano econômico que debelou de vez a inércia inflacionária e que considerava a indexação, num primeiro momento, como consequência da inflação, e que logo passava a ser causa, foi o Plano Real, de julho de 1994. Esse plano quase foi destruído pela loucura da ex-presidente Dilma, e agora está também tendo como adversário um militar vestido de civil.
Se a inflação voltar, obviamente, vai tributar diretamente os salários dos menos favorecidos dentro do tecido social. Se o atual governo não acender logo o alerta, todo o descontrole das contas públicas, combinado com o estrago causado pela pandemia na economia, fará a inflação crescer igual a bola de neve.
Há muitos anos que vivemos num sistema, abençoado, de meta de inflação, com um grande controle através das variáveis macroeconômicas, mas parece que o liberalismo não sabe o que faz com o poder em suas mãos. Se soubessem, já tinham ligado o alerta desde a inflação do arroz.
Atualmente, é inconcebível pensar numa expectativa de inflação acima de 5% ao ano. Todos pensávamos que este monstro já tinha sido destruído, mas eis que vem um governo frouxo e sem direção, que vai ressuscitar a inflação em grande estilo.
Inflação e desequilíbrio das contas públicas são veneno para o tecido social. Teremos que, também, ressuscitar o Betinho para criar outro “Ação da Cidadania contra a Fome, a Miséria e pela Vida”. Por fim, como dizia Lênin, para destruir o sistema burguês, destrua a sua moeda nacional. Quem está destruindo a nossa moeda é um amálgama de nacionalismo militar com liberalismo imbecil.
O autor é conselheiro do Corecon-ES
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