Segundo os últimos dados do governo federal publicados no Portal de Inspeção do Trabalho, apenas metade das possíveis vagas de empregos destinadas às pessoas com deficiência são preenchidas pelas empresas. Um número bem aquém do que seria ideal para ruptura do estigma de exclusão vivenciado por esta parcela da população em sua busca por inclusão no mercado de trabalho.
Diante de uma questão tão repleta de significados como o acesso ao trabalho pelas pessoas com deficiência, é indispensável que tal discussão não se restrinja apenas ao cumprimento da reserva das cotas por meio de fiscalização. É preciso que também alcance os benefícios decorrentes para as organizações em virtude da promoção de uma cultura de acolhimento à inclusão e à diversidade na contratação e formação de seus colaboradores.
Em razão de um ambiente de negócios cada vez mais competitivo, fomentar a inovação é condição fundamental para a sobrevivência das empresas em seu nicho de mercado. De modo que a formação de equipes que aliem um espectro variado de talentos e vivências pode ser o diferencial estratégico para consolidar uma gestão mais humana e orientada para soluções criativas em relação aos desafios da acirrada concorrência.
Muitas marcas já se atentaram que o consumidor não espera somente por bons preços e qualidade de produtos e serviços, mas também está preocupado sobre quais são os valores institucionais que estão atrelados à reputação das empresas com as quais se relaciona. Com efeito, as organizações que não cultivam o propósito da responsabilidade social em suas contratações, além da desconformidade legal, podem estar restringindo a inovação inerente a diversidade, e prejudicando sua imagem junto ao mercado.
Outro aspecto a ser destacado é sobre a necessidade de que as empresas tenham um programa de gestão de pessoal que enfoque o efetivo desenvolvimento da carreira, de acordo com a competência específica da pessoa com deficiência, e não o mero cumprimento das cotas. De modo a afastar o perverso paradoxo de que embora estejam empregadas, não progridam conforme suas capacitações; o que acaba por limitar as potencialidades de atuação, e reitera a segregação vigente.
Entre as transformações que se consolidaram com a pandemia, e que pode contribuir para a empregabilidade das pessoas com deficiência está o teletrabalho, pois muitos estabelecimentos optam por não as contratar em função das restrições de acessibilidade e adaptação ao ambiente laboral. Logo, com a massificação dessa modalidade, e desde que oferecidas condições adequadas, trata-se de uma opção vantajosa tanto para empresa quanto para o empregado, que poderá realizar suas atividades sem os obstáculos estruturais envolvidos.
Este vídeo pode te interessar
Enfim, uma gestão corporativa que almeja resultados para além de indicadores financeiros, promover a inovação por meio da inclusão e diversidade é consolidar sua marca numa sociedade que busca se reinventar segundo parâmetros de profunda valorização humana.
Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.