A inovação precisa estar atrelada à geração de resultados reais e não apenas a uma estratégia de marketing vazia e superficial.
Nos últimos anos, a palavra inovação tem se tornado uma das mais pronunciadas no mundo empresarial e governamental, principalmente no contexto pós-pandemia. A busca por soluções criativas e transformadoras se intensificou nos setores público e privado e muitos clamam pela necessidade de inovar para enfrentar os desafios que se apresentam. No entanto, em meio a esse entusiasmo pela inovação, surge uma questão crucial: estamos realmente inovando ou apenas praticando o "inovismo"?
Saber discernir entre o que é genuinamente inovação e o que chamamos de "inovismo" tem total relevância para quem deseja uma melhor compreensão da realidade concreta e das variáveis que estão envolvidas neste cenário complexo, denso, árido e que passa por constantes e desafiadoras transformações.
Mas, afinal, o que é inovismo?
O inovismo é o uso superficial da inovação como estratégia de marketing. Muitos adotam a terminologia para criar uma imagem moderna e avançada, sem efetivamente implementar mudanças significativas em seus processos, produtos ou serviços.
A inovação e o empreendedorismo são, muitas vezes, apresentados de forma romântica como jornadas repletas de glamour e sucesso instantâneo. No entanto, a realidade é que esses campos exigem muito mais trabalho duro, resiliência e dedicação do que o cenário idealizado.
Como citado por Silvio Meira, um dos fundadores do Porto Digital, em Recife/PE, "é preciso acabar com o teatro da inovação e do empreendedorismo, temos problemas reais para resolver”. Hoje, vemos um excesso de hubs de inovação com puffs coloridos e arquitetura descolada, mas muitos com baixo índice de aproveitamento. É preciso focar na inovação que movimenta a economia e cria a ambiência necessária para uma atuação coordenada e sinérgica, assegurando resultados efetivos.
Para combater o inovismo, é fundamental adotar uma abordagem que vá além das palavras vazias. Um dos pontos centrais desse processo reside na construção de um ecossistema de inovação robusto e colaborativo, onde cada uma das hélices - academias, instituições, empresas e governo - compreenda seu papel fundamental na geração de avanços.
A Mobilização Capixaba pela Inovação (MCI) vem desempenhando função significativa na promoção da inovação no Espírito Santo, proporcionando direção e foco aos esforços de todos os participantes do ecossistema, incentivando as hélices a trabalharem em conjunto, em prol de objetivos comuns.
Está posto que um dos desafios mais urgentes em debate na MCI é um comprometimento efetivo com a formação, atração e retenção de talentos de alto desempenho. Como a inovação requer uma força de trabalho altamente qualificada e criativa, isso implica repensar a maneira como educamos e treinamos nossos profissionais.
Para além disso, é crucial criar condições propícias para gerar e atrair startups fortes e sustentáveis que possam oferecer oportunidades atraentes para essa mão de obra qualificada. Nesse sentido, a MCI atua como um catalisador, promovendo parcerias e iniciativas que visam moldar no ecossistema capixaba condições em que os talentos sejam nutridos e valorizados.
Fundamental mantermos o apoio à MCI para que continue a desempenhar seu papel de promoção de uma genuína cultura de inovação, focada em resultados tangíveis e não apenas em aparências ou uma moda passageira, mas sim como uma força motriz para o nosso progresso econômico e social.
O Espírito Santo tem potencial para se destacar como um importante centro de inovação no Brasil, mas precisa se comprometer seriamente em transformar potencial em potência. Isso requer ampliarmos o compromisso de cada ator do ecossistema para atuar em prol da estratégia de forma sinérgica e colaborativa, valorizando a transformação real sobre a superficialidade do inovismo.
E isso é possível!
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