Autor(a) Convidado(a)
É saxofonista, compositor, professor e coordenador de Música da Escola Americana de Vitória

Inteligência Artificial na música: um novo tom para a educação básica

Pensar a aplicação dessas plataformas para além da sua proposição pode ser a disrupção que pretende a educação: a capacidade de integrar inovações tecnológicas de maneira interdisciplinar

  • Marcelo Coelho É saxofonista, compositor, professor e coordenador de Música da Escola Americana de Vitória
Publicado em 03/05/2024 às 14h21

O uso da Inteligência Artificial Generativa (IA) para a criação musical está reestruturando o mercado de produção de música, mas a grande transformação pode acontecer no segmento da educação básica com novas proposições no aprendizado interativo e interdisciplinar.

Em texto publicado em 2 de abril, a ONG Artist Rights Alliance reuniu mais de 200 assinaturas de artistas da indústria fonográfica, entre eles Billie Eilish e Stevie Wonder, contra o uso “predatório” da Inteligência Artificial (IA) na música.

Intitulada “Stop devaluing music” (“Pare de desvalorizar a música”), a carta, disponível no Medium, enfatiza que, se usada de forma irresponsável e sem controle, a IA poderá desencadear uma “corrida ao fundo do poço para muitos músicos, artistas e compositores”.

As transformações industriais e tecnológicas sempre colocaram à prova artistas e produtores musicais. Desde a invenção da gravação em discos de cera até a criação do arquivo de áudio MP3, o ameaçado mercado da música não apenas sobreviveu como se fortaleceu. É provável que, apesar dos enormes impactos que estão por vir com a IA, os produtores musicais vão, mais uma vez, se adaptar.

Mas devemos observar que a música não se resume apenas à produção musical voltada ao entretenimento. Em sua gênese, a música possui um caráter funcional intrinsecamente ligado a diversas áreas do conhecimento e desenvolvimento humano.

Na Grécia Antiga, Pitágoras compreendeu muitas questões matemáticas a partir das estruturas que constituem a música.

Mas a apreciação da música enquanto arte fez surgir a figura do compositor celebrado, do instrumentista virtuose, do artista de massa e do mercado do entretenimento musical. Por consequência, o aprofundamento nas funcionalidades cognitivas, educacionais, disciplinares e espirituais da música tornaram-se secundárias.

No entanto, surge uma oportunidade, talvez não planejada, de reavermos essas funcionalidades a partir da IA, sendo a educação básica um campo promissor.

Há uma variedade de plataformas de inteligência artificial focadas em música capazes de criar e executar peças musicais completas através de um simples comando de texto. Se aplicadas com criatividade, elas podem transformar-se em poderosas ferramentas de aprendizado. A chave é experimentar.

Som; barulho; música
Som e música. Crédito: Jernej Graj/Unsplash

Meus alunos do ensino médio têm utilizado com êxito o Suno.AI para gerar músicas baseadas nos conhecimentos adquiridos em sala de aula. Desde conceitos abstratos de matemática até detalhes específicos de biologia, história e geografia, as canções geradas a partir dos conteúdos têm facilitado o processo de aprendizagem e intensificado o engajamento dos alunos.

Pensar a aplicação dessas plataformas para além da sua proposição pode ser a disrupção que pretende a educação: a capacidade de integrar inovações tecnológicas de maneira interdisciplinar. Concomitante a isso, o estudo da música talvez retome a aplicação das suas funcionalidades para além do entretenimento.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

A Gazeta integra o

Saiba mais
Educação Música Inteligência Artificial

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.

A Gazeta deseja enviar alertas sobre as principais notícias do Espirito Santo.