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É professor doutor em Oftalmologia da Ufes. Diretor da Macrovisão Oftalmologia

Janeiro Branco: o que o cuidado com os olhos tem a ver com saúde mental?

Estudos demonstram que doenças oculares como catarata, glaucoma, olho seco, degeneração macular e retinopatia central serosa podem impactar significativamente a saúde mental, aumentando os riscos de depressão, ansiedade e isolamento social

  • Alexandre Grobberio Pinheiro É professor doutor em Oftalmologia da Ufes. Diretor da Macrovisão Oftalmologia
Publicado em 10/01/2025 às 11h21

Janeiro, mês dedicado à conscientização sobre saúde mental, traz um alerta sobre a estreita conexão entre saúde ocular e bem-estar psicológico. Estudos demonstram que doenças oculares como catarata, glaucoma, olho seco, degeneração macular e retinopatia central serosa podem impactar significativamente a saúde mental, aumentando os riscos de depressão, ansiedade e isolamento social. Por outro lado, intervenções como a cirurgia de catarata têm mostrado benefícios não apenas visuais, mas também psicológicos.

Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que quase 12 milhões de brasileiros convivem com depressão, representando 5,8% da população. A cirurgia de catarata, por exemplo, tem demonstrado ser benefica nessa questão em varios estudos, restaurando a função visual e melhorando significativamente a qualidade de vida dos pacientes.

Estudos indicam que a melhora na acuidade visual após a cirurgia está diretamente relacionada à redução de sintomas depressivos e ao aprimoramento da função cognitiva, especialmente em idosos (Pellegrini et al., 2020; Ishii et al., 2008). Por sua vez, a retinopatia central serosa, frequentemente associada ao estresse, destaca como fatores psicológicos podem afetar diretamente a visão. Essa condição causa sintomas como visão embaçada, manchas escuras e halos, prejudicando a qualidade de vida.

Doenças crônicas da visão frequentemente levam ao aumento dos casos de depressão. Em uma metanálise da Universidade de Sun Yat-sen, na China, cerca de 25% dos pacientes com glaucoma, degeneração macular e outras condições desenvolveram depressão (Sun Yat-sen University, 2024). Embora o impacto psicológico seja maior em doenças com prognóstico reservado, como a degeneração macular, a integração de cuidados oftalmológicos com abordagens multidisciplinares é fundamental para tratar os pacientes de maneira holística.

Especialistas reforçam que a falta de acompanhamento oftalmológico pode trazer muito mais riscos do que permanecer em casa.
Saúde dos olhos. Crédito: Freepik

Não basta tratar apenas a condição ocular. É essencial abordar aspectos emocionais e sociais com as terapias corretas. A atuação de uma equipe multiprofissional — envolvendo oftalmologistas, psicólogos, psiquiatras e outros profissionais de saúde — é indispensável. Além disso, o apoio da família e a iniciativa do próprio paciente em buscar ajuda são cruciais para o sucesso do tratamento.

Estratégias de tratamento como a terapia, meditação e atividades físicas (como ioga, cardio e musculação) também são aliadas importantes no controle do estresse e na prevenção de seus efeitos sobre a visão. Cuidar da saúde ocular vai além de garantir boa visão: é um passo fundamental para proteger a saúde mental e melhorar a qualidade de vida.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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