Todos sabem que a artista Jojo Todynho é uma daquelas mulheres que quebram padrões deixando claro por aí o que pensam, como pensam e porque pensam sobre certas coisas.
Jojo é conhecida por sua autenticidade e por não ter medo de ser quem é. E essa coragem transcende o pensamento falado e se manifesta também na sua expressão corporal. A artista tem orgulho de seu corpo e incentiva mulheres a amarem-se como são.
E com toda essa potência Jojo posa para uma revista de assuntos relacionados a moda e beleza assumindo todas suas curvas. Porém, ao assumir seu corpo é atacada pelo humorista Nego Di com o comentário “Por que o brasileiro estraga as coisas? Mistura tudo, está todo mundo aí: Pequena Sereia, Pinóquio, Gepeto. Não estão vendo? Ela engoliu todo mundo”.
O comentário gera revolta nas rede sociais e também naqueles que a amam como seu marido Lucas Souza que parte em sua defesa.
Indignada com as ofensas, a artista abriu um boletim de ocorrência contra o comediante e bradou nas redes sociais “Preconceituosos não passarão!”.
Acontece que, como sabemos, a sociedade traz representações daquilo que ela considera bonito ou feio e consequentemente esteticamente aceitável ou não.
As representações sociais sobre algo geram então preconceitos direcionados a um estereótipo. No caso aqui é a gordofobia.
Tais representações sobre o corpo descrevem o corpo gordo como algo ruim, mesmo que ele seja um corpo saudável.
Falar sobre a gordofobia é falar sobre a associação da imagem gorda ao vexame e vergonha! E, infelizmente, é assim que muitas mulheres se sentem por não estar no manequim menor que 40. Na verdade, a sociedade pós-moderna se encontra desnutrida de conhecimento e respeito. Ser magro não exclui doença, ser magro não exclui sedentarismo, ser magro apenas facilita a vida das pessoas em um mundo de alto escalão de consumo.
Ao falarmos sobre esse padrão devemos recordar milhares de pessoas que por buscá-lo desenvolvem transtornos alimentares seríssimos como a anorexia e a bulimia, que levam inclusive à morte.
Voltando a lógica do consumo acima apresentada, para a sociedade é mais fácil produzir em larga escala um padrão para que todos se adequem do que alargar o mundo para todos.
Vejamos um exemplo que talvez você nunca tenha se atentado. Quando entramos em um elevador vemos uma placa “este elevador suporta 700kg, até 10 pessoas”. Ou seja, o peso médio aceito pela sociedade de uma pessoa é 70kg! O certo é que o cartaz tivesse como limitação a fala sobre o quilograma e não determina-se o peso de 10 pessoas ditas “normais”.
O mundo não suporta ver um corpo gordo livre, feliz e bem-sucedido. Jojo representa a voz de milhares de mulheres que todo dia desejam ser amadas por quem são e não rotuladas por não se enquadrarem em um padrão elitista quase impossível e adoecedor como o da ditadura da magreza.
Não vemos comerciais de pessoas gordas comendo livremente em um fast-food, ou em comerciais de cervejas e campanhas de grandes marcas de roupa. Isso porque, principalmente sobre comida, é necessário vender o magro para consumir sem censura. Assim se vende a imagem de saúde em corpos magros e a de doença em corpos gordos, sendo que apenas um médico pode dizer se um indivíduo se encontra em estado de doença ou não.
Precisamos frisar aqui que ser saudável é possuir qualidade de vida e um estado de equilíbrio, não um tipo de corpo.
O corpo não é um termômetro social de aceitação! Nossos corpos não são a bússola para dizer como se vestir, como caber ou como ser! O corpo livre é a resposta da evolução, da quebra do padrão e do preconceito, dessa quebra histórica que vem a séculos limitando pessoas.
Jojo é grande no corpo, no talento, ela é grande na personalidade e ela cabe onde ela quiser. Não será um homem e nenhum padrão capital que dirá a ela ou a qualquer mulher seu tamanho, em peso, centímetros, talento e respeito.
Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.