A vitória política e eleitoral de Lula foi celebrada pelo mundo por diversos líderes internacionais, de Joe Biden a Xi Jinping, de Vladimir Putin a Volodymyr Zelensky. E isso diz muito sobre o perfil do líder que vai (re)assumir o governo federal a partir de 1º de janeiro de 2023. Lula é um homem de construção de consenso. A sua nova chegada à cena internacional vem no propício momento em que o mundo carece de pacificadores.
No flanco ambiental, o Brasil terá um relevante papel na discussão das mudanças climáticas, tema urgente para esta e para as novas gerações. O meio ambiente já é um dos principais problemas das nações, envolve de eventos extremos à crise hídrica em diversos países. O Brasil precisa caminhar a passos largos numa economia verde, de baixo carbono e de geração de energia limpa.
No campo social, a retomada será significativa. Não tenho dúvida de que o triunfo petista foi também a vitória daqueles que derrotaram a ditadura instalada em 1964; foi a vitória dos defensores dos direitos humanos, do segmento cultural, das juventudes, dos negros e negras, dos irmãos e irmãs nordestinos, dos trabalhadores e trabalhadoras do campo e da cidade, dos movimentos sociais...
O discurso do vencedor logo após o resultado das urnas aponta o caminho lúcido, e até óbvio, mas não seguido pelo antecessor. Lula declara que será presidente de todos os brasileiros, e a nação tem pressa nessa reconciliação. Temas caros à população precisam ser atacados de forma urgente: a violência e a criminalidade têm de ser combatidas desde o primeiro dia de governo, com proteção social e repressão qualificada. Nessa trincheira, a proposta da criação do Ministério da Segurança Pública é muito bem-vinda, mas é fundamental estreitar a cooperação com os Estados e municípios nessa trilha.
Outro desafio inadiável é a melhoria da educação básica. O país precisa concentrar um esforço hercúleo para colocar nossa educação básica entre as dez melhores do planeta. Não teremos relevância internacional se não avançarmos com celeridade na qualidade da nossa educação básica.
Na economia, é fundamental que Lula lidere um movimento entre trabalhadores e empresários para o aperfeiçoamento das relações trabalhistas, com a modernização da legislação sem precarização. É imprescindível, ainda, que ele tire do papel uma reforma tributária que possa reduzir impostos sem reduzir a capacidade do Estado brasileiro em financiar as importantes políticas públicas para a redução das desigualdades. Melhorar a competitividade da nossa economia com reformas pactuadas com todos os agentes do processo se faz premente.
E, por fim, é fundamental o combate à corrupção do setor público e privado. O Brasil conseguiu avançar alguns degraus nessa frente, com a autonomia do Ministério Público, o fortalecimento da Polícia Federal, os avanços na legislação como a Lei de Acesso à Informação e a transparência do setor público. Precisamos, contudo, manter o apoio institucional aos órgãos de controle e aperfeiçoamento da legislação para acabar com a impunidade. São grandes os desafios, mas Lula já se mostrou à altura das lutas que a vida lhe impôs.
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