Ucrânia e Rússia estão em guerra e as consequências deste momento vão além da morte e da destruição material.
Enquanto mísseis são jogados há uma população que sofre com as consequências desse processo. E dentro da população há aqueles ainda mais vulneráveis como crianças, idosos, doentes e mulheres.
Sobre as últimas que queremos falar hoje, porém desta vez com um tom de repúdio.
O deputado estadual Arthur do Val (Podemos -SP), então pré-candidato ao governo de SP, conhecido pelo canal de Youtube Mamãe Falei, viajou à Ucrânia para, segundo ele, ajudar na resistência contra a invasão Russa, em uma missão humanitária. Mas, no meio do caos da guerra, teve atitudes desumanas com as mulheres ucranianas, ressaltando uma postura machista, sexista e violenta.
Na sexta-feira (4), áudios atribuídos ao político vazaram do seu grupo de amigos e estão circulando e indignando a sociedade. Nas mensagens, Arthur do Val descreve suas impressões sobre as mulheres da Ucrânia e diz que “são fáceis porque são pobres”.
Na fila de refugiados na fronteira com a Eslováquia o parlamentar diz que só tinha "deusas", mulheres mais bonitas que as das baladas de SP, e menciona que há uma prática de turismo europeu feita por um amigo para “pegar” mulheres loiras e que ele iria providenciar as passagens para a Europa em breve.
Não é novidade que a mulher é compreendida pelo sistema patriarcal misógino como objeto de consumo. Como mulheres, lutamos contra isso, porém, e infelizmente, o deputado está certo! Nós não temos as mesmas armas e não sofremos as mesmas violências, pois quando comparamos os índices são as mulheres pobres e de minorias étnicas as que mais sofrem.
Na guerra, não seria diferente. Na verdade o cenário potencializa a violência contra a mulher por essas vulnerabilidades, elevadas a níveis inimagináveis. Sem casa, sem proteção, sem “Estado”, essas mulheres ficam à mercê de violentadores sexuais, financeiros, morais e psicológicos, para proteger suas vidas e as vidas de seus filhos.
A mídia traz a palavra “predador” para descrever o ato de violência moral e psicológica sugerida por Mamãe Falei. Sim! São violências pois, veja, a palavra predador tem como significado “aquele que destrói algo violentamente” e quando alguém utiliza da fragilidade do outro para ganho próprio, destruindo seu corpo, alma e esperança, ele é sim um violentador.
Quando essa atitude vem travestida de um ato de humanidade a situação fica ainda mais inadmissível. E pior, um violentador com máscara de pacificador, com máscara de humanitário, com máscara de benfeitor.
As mulheres se tornam alvos mais fáceis devido ao momento em que se encontram. Buscam apoio e sim, acreditam em promessas de proteção e salvação de si e de seus familiares. Sabendo disso, os distintos humanitários - contém ironia- aproveitam e tentam satisfazer seus desejos carnais utilizando-se da dor! De humanitário isso não tem nada.
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Não podemos naturalizar essas atitudes ou simplesmente ignorar esta prática absurda que adoece a sociedade. Em tempo algum mulheres devem ser desrespeitadas, diante de situações como a guerra menos ainda.
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