Presenciamos estarrecidos e atônitos à situação dos amazonenses, no angustiante e trágico colapso da reserva de oxigênio do sistema de saúde, que chamou a atenção mundial para aquele Estado e para a pandemia do Covid-19 em nosso país.
Autoridades, políticos nas três esferas de poder e a própria OMS passaram a discutir quem falhou, onde falhou, o que poderia ter sido feito para que o colapso não tivesse acontecido, na busca de um culpado por tudo isso, na já mais que politizada pandemia brasileira.
E não há, definitivamente, um só culpado. Na cadeia de causalidade todos são culpados.
Falha o gestor que por corrupção ou ineficiencia não aloca adequadamente os recursos necessários ao enfrentamento da crise, utilizando-os com planejamento, de modo a garantir a integralidade de atendimento aos contaminados pelo vírus, falha o gestor que por interesses políticos ou econômicos não adota as medidas necessárias à redução de circulação de pessoas, exigidas em um momento tão critico como o vivenciado no planeta.
Mas, sobretudo, falha o cidadão que, não obstante consciente de todos os fatos, insiste em um comportamento negacionista com profunda pulsão de morte, lançando-se à própria sorte, apesar de tudo que presenciou e vivenciou.
Definitivamente, a culpa não é do vírus e a crise não é de oxigênio. A crise é precedente e muito mais grave e profunda: é de ética, cidadania e humanidade.
Enquanto o egoísmo e o individualismo preponderarem estaremos sujeitos, coletivamente, a rigorosos e tenebrosos "invernos".
O autor é promotor de Justiça do MPES
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