Recentes declarações do Procurador-Geral da República, Augusto Aras, colocaram novamente em evidência as investigações da maior e mais importante operação de combate à corrupção da história país, a Lava Jato. O que ocorre, porém, é que as declarações de Aras estão sendo usadas justamente por aqueles a quem o fim da Lava Jato mais interessa, seus próprios investigados.
Iniciada em março de 2014, a Lava Jato começou com a investigação perante a Justiça Federal em Curitiba de quatro organizações criminosas lideradas por doleiros e já apontou irregularidades na Petrobras, maior estatal do país, bem como em contratos vultosos, como o da construção da usina nuclear Angra 3. O volume de recursos desviados dos cofres públicos é estimado na casa de bilhões de reais. Além disso, seus investigados possuem grande expressão econômica e política.
O que Aras fez foi criticar a maior operação de combate a corrupção do país. Após suas declarações, como integrante do grupo Muda Senado, procurei pessoalmente Aras para mais esclarecimentos - exercendo, então, o papel fiscalizador que possuem os congressistas do país. O que ficou claro é que nem Aras e nem ninguém está defendendo o enfraquecimento da Lava Jato e muito menos o seu fim, isso seria absurdo. A sugestão é que seus processos sejam aprimorados.
Documentos sigilosos aos quais tive acesso comprovam o volume de dados obtidos pela operação e que devem ser compartilhados com os órgãos competentes para que as investigações prossigam sem qualquer desconfiança de possíveis excessos. A Laja Jato é um patrimônio imaterial dos brasileiros e já levou muitos poderosos para a prisão. O que a operação precisa, agora, é ser aperfeiçoada para não cair na armadilha que caíram operações semelhantes em outros países, como a Operação Mãos Limpas, na Itália.
Não há necessidade de concentrar informações. O combate à corrupção materializado pela Lava Jato deve ser algo que envolva todo o Ministério Público Federal e todo o Judiciário brasileiro, instituições essas que serão cobradas dentro do Congresso Nacional.
No Senado Federal, como uma das funções que me cabe, fiscalizarei pessoalmente a PGR, seus procuradores e qualquer tentativa de desarticulação da Lava Jato. Ao contrário, não deixarei de lutar por sua permanência e para que sejam investidos ainda mais tempo e recursos na operação.
Defenderei o combate a corrupção no Brasil através de sua maior ferramenta, e a qualquer um que tente dirimi-la serão cobradas explicações. O fim da corrupção no Brasil é um dos meus objetivos principais enquanto senador, e deve ser feito forma transparente e democrática.
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O autor é senador da República
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