“Durante o patrulhamento tático motorizado, por volta das 16h30, as viaturas de Força Tática do Primeiro Batalhão, por iniciativa própria, por terem ciência do constante tráfico de drogas no Morro do Cabral/Vitória, realizamos uma incursão em conduta de patrulha, haja vista o local ser de alto risco. No início das incursões pelos becos e escadarias foram disparados vários fogos de artifício, fato corriqueiro na conduta do tráfico local.”
Esse é o trecho inicial do Boletim de Ocorrência registrado pelos policiais militares que apreenderam um Fuzil 5,56 mm, na tarde de uma terça-feira comum na rotina dos nossos policiais. As poucas palavras documentam o que poderia ser aterrorizante para qualquer pessoa: tomar a iniciativa de partir para cima, em um ambiente sabidamente perigoso, dominado por criminosos. Para qualquer pessoa comum, aterrorizante. Para um policial militar, uma rotina.
Deslocando ao encontro do perigo, que eles tiraram das ruas uma arma poderosa: um fuzil Colt 5,56 mm, equipado com mira holográfica e carregador alongado, com capacidade para 45 munições. Ainda no local, os nossos policiais encontraram 14 estojos deflagrados, ou seja, 14 disparos que foram feitos por criminosos contra policiais militares que cumpriam sua missão.
Nossos policiais relataram na ocorrência que, no topo do morro, se depararam com um grupo em torno de 13 indivíduos, com armas e coletes, se esgueirando pela mata. Eles conseguiram fugir. O fuzil foi encontrado abandonado no mato e entregue à Polícia Civil, que agora vai encaminhá-lo para a perícia. Em quantas cenas de crime esse fuzil poderá ser identificado? A perícia vai dizer.
Até o final de agosto, 2.643 armas de fogo foram apreendidas em todo o Estado. Eu já disse e vou repetir quantas vezes for necessário: armas nas mãos de bandidos representam riscos para a sociedade, retrabalho para os policiais, fragilidade do aparato legal e uma necessidade urgente de elevar o debate sobre o combate à criminalidade violenta no Brasil.
Não existe lógica em um sistema que exige ostensividade policial e combate ao crime ao mesmo tempo em que permite lacunas legais que garantem privilégios aos criminosos. Os mesmos criminosos que tentam matar nossos policiais, lucrar sobre a desgraça social, restringir os direitos dos cidadãos e prevalecer em suas comunidades com uma cultura de terror e opressão.
Até o final de agosto deste ano prendemos 897 homicidas. Indivíduos com mandados de prisão em aberto por envolvimento em assassinatos. Quantos já voltaram para as ruas? Quantos vamos prender novamente, em breve? Quantos ainda vão atirar contra nossos policiais, até que tenhamos um verdadeiro debate sobre esse tema no Brasil?
Mesmo sem respostas, continuaremos fazendo perguntas. E mais do que isso, continuaremos fazendo nosso trabalho. Os capixabas continuarão vendo nossos policiais nas avenidas, ruas, becos e vielas de todo o Espírito Santo, levando a presença do Estado a todos os lugares, colocando-se em risco para que as famílias possam se sentir seguras. Continuaremos fazendo a nossa parte.
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