Fernando Repinaldo*
Os principais problemas da mobilidade nas cidades continuam os mesmos: congestionamentos, conflitos entre modos de transportes e redução na segurança para usuários destes sistemas, aumento de acidentes de trânsito e nos níveis de poluição em geral. São impactos que causam a queda na qualidade de vida citadina.
Por lei, a cada dez anos, municípios estabelecem ou revisam seus planos diretores urbanos, estabelecendo regras que impactam o progresso da urbe e criando legislações que visam as estratégias de crescimento e desenvolvimento urbanos. É comum apresentarem táticas um tanto quanto vagas e, às vezes, até conflitantes.
Estão sempre buscando objetivos de desenvolver e projetar a cidade, sem, contudo, quantificar nem estabelecer prazos para cumprimento das suas metas. Regras são criadas a torto e a direito, porém, não aferindo seus desempenhos e impactos ao longo do tempo. Ora bolas, só gerimos o que medimos, fora isso é apenas futurologia.
Não sei até quando, mas planejadores, relatores do PDU, prefeitura e vereadores que criam e aprovam as leis, não são responsabilizados pelos resultados de fato. Deu errado, a culpa e a conta são do povo. Decerto o sucesso só virá com a melhoria dos indicadores medidos no mundo real, e não da aprovação de leis que podem, inclusive, gerar resultados negativos para a cidade.
Pois bem, tratemos de um fenômeno que vem tomando conta das cidades: o da micromobilidade! Bicicletas, e-bikes, scooters e patinetes elétricos fazem parte desta perspectiva de movimento.
Sabemos que cerca de 60% dos deslocamentos em todo o mundo são inferiores a oito quilômetros. Não à toa que uma revolução mundial vem acontecendo na forma de se locomover, prometendo não apenas otimizar o tempo no trânsito, mas também mudar a maneira de se relacionar com a cidade.
A micromobilidade oferece soluções para pequenas distâncias. Serve para trajetos entre bairros e para percorrer distâncias curtas, muitas vezes até o local de transporte mais próximo, normalmente o primeiro ou o último quilômetro de um trajeto.
Nela, os veículos usados são de tamanho e potência adequados para essa finalidade e não-poluentes. São equipamentos que não ocupam espaço excedente ao necessário para conduzir uma pessoa e se adequam ao espaço público, desde que bem arquitetado, sem traumatizar os demais meios e os cidadãos, inclusive com estacionamento.
Novas plataformas de mobilidade criam desafios, exigem educação e vontade de inovar. Entendamos que para onde estamos indo é sempre diferente de que como queremos chegar lá, senão vira bagunça. O que observamos é a falta de fiscalização, além de insegurança para os usuários quanto à qualidade das calçadas e dos asfaltos, oferta restrita de ciclovias e falta de estacionamentos, induzindo a se largar os equipamentos em qualquer lugar.
Precisamos decidir como queremos nossas cidades no futuro e redesenhá-las para receber as opções tecnológicas que estão chegando. Se nada for feito, nossos sonhos podem virar pesadelos.
*O autor é especialista em Administração Pública, Gestão de Projetos e Engenharia de Tráfego
Este vídeo pode te interessar
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.