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É executivo da Gava Crédito Imobiliário e diretor da Secovi-ES

Minha Casa, Minha Vida para a classe média: crédito imobiliário pede novos caminhos

A nova faixa do programa chega para preencher essa lacuna e oferecer uma resposta concreta a quem quer comprar seu imóvel, mas não encontrava opções viáveis

  • Ricardo Gava É executivo da Gava Crédito Imobiliário e diretor da Secovi-ES
Publicado em 05/04/2025 às 09h19

Estamos diante de uma transição no crédito imobiliário — e é justamente agora que precisamos redobrar a atenção. A poupança, que por décadas sustentou a maior parte do financiamento habitacional no Brasil, vem perdendo força. Com a alta dos juros e a atratividade crescente de outras aplicações, os saques têm superado os depósitos. Isso impacta diretamente a oferta de crédito e pressiona o sistema tradicional de funding, ainda muito dependente da caderneta.

Nos últimos anos, especialmente no segundo semestre, vimos com frequência a escassez de crédito em alguns bancos, reflexo claro da limitação de recursos. Esse cenário reforça a urgência de buscarmos alternativas mais estáveis, consistentes e com fôlego de longo prazo para sustentar o financiamento habitacional.

É nesse contexto que surgem movimentos importantes. Um deles é o uso do Fundo Social do pré-sal como fonte complementar de recursos. A proposta é simples: aproveitar parte das receitas do petróleo para manter o crédito em movimento — especialmente no programa Minha Casa, Minha Vida.

A novidade é que o programa, que historicamente atendeu famílias de baixa renda, agora passa a incluir também a classe média. Essa faixa da população, pressionada pela inflação e pelos juros elevados, acabou ficando no meio do caminho: sem acesso às linhas subsidiadas e enfrentando taxas cada vez mais altas no mercado tradicional. A nova faixa do programa chega para preencher essa lacuna e oferecer uma resposta concreta a quem quer comprar seu imóvel, mas não encontrava opções viáveis.

Remodelar o sistema não é mais uma opção, é uma necessidade. Já passou da hora de deixarmos de lado soluções paliativas e buscarmos caminhos estruturais — mesmo que ainda em fase de testes — que ajudem a reduzir o déficit habitacional, manter o setor aquecido e ampliar o acesso à moradia de qualidade.

A construção civil é uma das maiores geradoras de emprego formal no país e, historicamente, um dos pilares da recuperação econômica em tempos de crise. Quando o crédito gira, o setor movimenta a economia, contrata, investe e entrega. Mais do que isso: o crédito é o grande propulsor do nosso mercado. É ele que torna possível transformar o sonho da casa própria em realidade para milhões de brasileiros. E isso precisa ser protegido e fortalecido.

As novas regras que aumentam o subsídio para aquisição de imóveis do programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV) reduziram a taxa de juros para famílias de baixa renda, nas faixas 1 e 2
Minha Casa, Minha Vida vai atender quem tem renda de até R$ 12 mil. Crédito: Shutterstock

Estamos, sim, em um momento delicado — mas também cheio de oportunidades. A forma como atravessarmos essa fase vai definir os próximos anos do setor. E a boa notícia é que as soluções já estão em curso. Cabe a todos os envolvidos — governo, mercado financeiro e setor imobiliário — acompanhar as transformações, propor soluções e contribuir para a evolução do crédito habitacional no Brasil.

O crédito imobiliário sempre foi, e continuará sendo, um instrumento de transformação social e econômica. E quanto mais acessível, estável e inteligente ele for, mais famílias terão a chance de conquistar seu espaço. Que venham os novos caminhos — porque o Brasil precisa continuar construindo sonhos.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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