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É doutora em Geologia

Mudanças climáticas e as enchentes no RS: como evitar novas tragédias?

O que ocorreu no Rio Grande do Sul e as enchentes recentes em cidades como Mimoso do Sul são o retrato da consequência da mudança climática, desastres "anunciados"

  • Luiza Bricalli É doutora em Geologia
Publicado em 01/07/2024 às 10h00

As mudanças climáticas estão relacionadas a processos naturais, como variações na órbita da Terra, atividades vulcânicas ou oscilações naturais nos sistemas climáticos, como El Niño e La Niña. Todavia, nas últimas décadas, a principal causa das mudanças climáticas tem sido atribuída às atividades humanas, especialmente à queima de combustíveis fósseis e desmatamento, além de ocupações irregulares em áreas das margens de rios e nas encostas.

As variações climáticas que estamos vivendo ocorrem desde a existência do Planeta Terra, no entanto, atualmente (período geológico atual conhecido como Quaternário), estas são muito bem marcadas. Se por um lado temos as causas naturais do próprio planeta, por outro, nós, sociedade, estamos, a cada ano, intensificando as variações climáticas.

O que ocorreu no Rio Grande do Sul, assim como os movimentos de massa (deslizamento de terras) e enchentes de rios ocorridos recentemente em Petrópolis, Sul da Bahia, litoral de São Paulo, e na cidade capixaba de Mimoso do Sul, são o retrato da consequência da mudança climática. Isso sem falar em outros desastres mais antigos, ocorridos em vários locais do Brasil.

Em cada local desse, a intensidade do desastre, assim como o prejuízo econômico e social, é diferente, em função de vários fatores, dentre eles: a quantidade de chuva, o relevo da área, o material (solo, rocha, aterros) do local, a localização e disposição das habitações.

O fato é que, dessa vez, vivemos uma tragédia que destruiu quase um Estado inteiro, trazendo prejuízos econômicos, sociais, de saúde pública e vitais.

Para enfrentar as mudanças climáticas, é necessário adotar medidas de mitigação e adaptação. Mitigação envolve ações para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, como a transição para fontes de energia renovável, a melhoria da eficiência energética e a proteção e restauração de florestas. Adaptação refere-se a estratégias para lidar com os impactos inevitáveis das mudanças climáticas, como a construção de infraestruturas resilientes, a gestão sustentável dos recursos hídricos e o desenvolvimento de sistemas agrícolas adaptáveis.

Temos ferramentas e conhecimento científico e técnico para enfrentar as mudanças climáticas, manejando essa situação e evitando que tragédias como a do Rio Grande do Sul se repitam ou que, pelo menos, sejam amenizadas. É necessário adotar medidas de mitigação e adaptação. O problema está posto. E a tendência é piorar. O nível do mar não para de subir e as oscilações climáticas tendem a aumentar em quantidade e frequência.

A ocupação desordenada nas encostas (laterais de morros) e beira de rios já está posta. O que pode e deve ser feito, primeiramente, é um mapeamento detalhado das áreas de risco desses locais, acompanhado de monitoramento constante, atrelado a planos emergenciais e ações práticas para que a população dessas áreas possam ser alertadas, adequadamente remanejadas e, acima de tudo, conscientizadas e cuidadas.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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