O papel da mulher na sociedade brasileira sempre foi historicamente associado ao cuidado. As mulheres negras foram frequentemente relegadas a ocupações como babás, empregadas domésticas, sendo que esses papéis eram frequentemente vistos como seu destino pré-determinado, perpetuando a ideia de que são mais adequadas para trabalhos ligados ao serviço e à assistência do que para outras ocupações.
Essa limitação de oportunidades profissionais não apenas reforçou a desigualdade econômica, mas também restringiu o potencial de realização pessoal e profissional. Ela fez com que a mulher negra fosse sistematicamente excluída de setores mais bem remunerados e com mais oportunidades de crescimento, contribuindo para a perpetuação do ciclo de pobreza.
Além disso, a falta de acesso à educação de qualidade e a oportunidades de capacitação profissional também contribuíram para essa realidade desigual.
Como consequência, as mulheres negras enfrentaram e enfrentam até hoje barreiras significativas para alcançar a ascensão profissional e econômica, limitando suas perspectivas de vida e reforçando a injustiça social.
É fundamental combater essas desigualdades estruturais, promovendo políticas de inclusão e igualdade de oportunidades que permitam às mulheres negras conquistarem seu espaço em todos os setores da sociedade brasileira.
Segundo dados do Dieese de novembro de 2023, mesmo com a indicação do crescimento da atividade econômica, o mercado de trabalho continua reproduzindo as desigualdades sociais. Os trabalhadores negros enfrentaram mais dificuldades para conseguir trabalho, para progredir na carreira e entrar nos postos de trabalho formais com melhores salários. E as mulheres negras encaram adversidades ainda maiores do que os homens, por vivenciarem a discriminação por raça e gênero.
O mês em que se comemora o Dia Internacional da Mulher é uma oportunidade para destacar e conscientizar sobre as interseccionalidades específicas que afetam as mulheres negras. Precisamos entender e reconhecer não apenas as questões de gênero, mas também as questões raciais e outras formas de discriminação que afetam as mulheres negras de forma única e interligada. Essas datas são momentos cruciais para amplificar as vozes e lutas das mulheres negras na busca por igualdade e justiça.
Políticas públicas que promovam a igualdade de oportunidades no mercado de trabalho são essenciais para enfrentar a discriminação estrutural. Além disso, investimentos em educação e capacitação profissional direcionados para mulheres negras podem ajudar a romper o ciclo de exclusão e promover a ascensão socioeconômica dessas mulheres.
Somente através de um esforço coletivo e políticas inclusivas podemos garantir que todas as mulheres, independentemente de sua origem, tenham igualdade de oportunidades e possam alcançar seu pleno potencial.
Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.