Estamos em um momento difícil para a economia mundial, com os efeitos da pandemia de Covid-19, dos conflitos mundiais (como a guerra entre Rússia e Ucrânia) e do alto custo de vida. Nesse cenário, o comércio tem um papel-chave a desempenhar, ajudando a reverter os impactos desses choques e a colocar o mundo novamente no caminho sustentável.
Vamos exemplificar falando da nossa casa: o Brasil. Como sabemos, o comércio faz parte do setor terciário da economia brasileira, que é responsável por mais da metade do Produto Interno Bruto (PIB) nacional. Além disso, ele gera 75% dos empregos do país.
Ou seja, ele é fonte de prosperidade, já que contribuiu com a arrecadação de impostos para os governos, distribui a produção dos demais setores produtivos, ajuda na regulação dos preços, gera emprego e renda e ajuda a movimentar a economia. Nesse ciclo, mantendo todos os setores produtivos ativos, se constrói uma economia forte e um crescimento contínuo.
Puxando para o varejo, temos ainda mais ideia da grandeza e da importância do segmento. O comércio varejista brasileiro fechou 2021 com 2,4 milhões de estabelecimentos ativos. As microempresas responderam por 77,4% do saldo positivo do ano, com 158,23 mil novos estabelecimentos. As pequenas empresas, com 29,99 mil novas lojas, somaram 14,7% do saldo positivo, segundo dados da Confederação Nacional do Comércio (CNC).
Entre as atividades, os super e minimercados ganharam 54 mil lojas; utilidades domésticas e eletroeletrônicos, 38,7 mil; e vestuário, calçados e acessórios, 28,3 mil. Quatro Estados responderam por mais da metade da abertura de lojas: São Paulo (55,6 mil), Minas Gerais (18,3 mil), Paraná (15,1 mil) e Rio de Janeiro (14,1 mil). E, ainda de acordo com a CNC, o faturamento real do setor cresceu 4,5% de 2020 para 2021, o maior avanço anual desde 2018.
Mas ainda é preciso mais. O comércio está fazendo a sua parte, mas necessita de ajuda para ajudar. E o mundo está percebendo isso. Exemplo foi a Revisão Global da Ajuda ao Comércio, que ocorreu no final de julho, em Genebra, justamente para fomentar o setor e reaquecer a economia.
Entre os pontos discutidos estiveram: promover maior comércio por pequenas empresas e a maior participação de mulheres e jovens no setor, o que, segundo os participantes, tornaria as empresas e os países mais competitivos, impulsionando a transformação econômica e reduzindo a pobreza. Dados da Organização Mundial do Comércio (OMC) mostram que as micro, pequenas e médias empresas representam cerca de 95% de todas as empresas, mas apenas 1/3 do total das exportações, por exemplo.
Outro tópico foi tornar o comércio mais conectado. A visão é que o futuro do comércio está nos canais e nas plataformas digitais, especialmente para as pequenas empresas. Durante a pandemia, vimos como vender on-line passou de útil a crucial para a sobrevivência. Dados da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad, na sigla em inglês) mostram que os serviços prestados digitalmente atingiram quase 2/3 do nível das exportações globais de serviços.
Mas, além disso tudo, faltam incentivos, desburocratização, redução de carga tributária e segurança. E, para finalizar, ressalto que o comércio é a alma de qualquer economia, é responsável por distribuir riquezas e captar, em sua essência, os desejos e as demandas de consumo de uma região. Sem o comércio, por exemplo, a indústria não tem como vender o que produz. Ou seja, ele é a mola propulsora da economia.
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