Na corrida mundial pela vacinação, o Brasil optou por largar nos “grids finais”. A disputa política-ideológica de um problema de ordens sanitária e econômica, programa de vacinação para Covid-19, observada no final de 2020, apresentará seus reflexos no decorrer deste primeiro semestre de 2021.
A morosidade na aquisição de doses de vacinas disponíveis, como a CoronaVac, bem como o desestimulo à vacinação, ocorreu na contramão do discurso de que “a economia não pode parar”. No cenário atual, a retomada e o equilíbrio da economia (abertura do comércio, redução da pressão inflacionária, elevação do nível de ocupação, dentre outros) está fortemente associada à vacinação em massa. Todavia, o que se observa é a presença constante de recordes das taxas de óbitos e de ocupação de leitos.
Os dispêndios públicos com o Sistema de Saúde, em especial com a vacinação contra a Covid-19, não devem ser abordados apenas como um gasto do setor público. Não obstante, deve-se enxergar a vacinação como um investimento na economia e no bem-estar social, que possui efeitos de curto e médio prazos.
Notadamente, à medida em que o número de pessoas vacinadas aumenta, a demanda por leitos tende a diminuir, face à redução dos novos casos de infecção. Em consequência a essa redução, o número de pessoas com sequelas resultantes da Covid-19 também reduzirá.
Em ambos os casos, o resultado observado é a redução na busca por atendimento médico realizado no Sistema Único de Saúde brasileiro (SUS). Concomitantemente, a retomada da atividade econômica, atrelada à progressão da vacinação, torna-se relevante tanto por questões socioeconômicas, quanto orçamentárias, pois eleva a arrecadação e mitiga a necessidade de gastos assistencialistas, tais como o auxílio emergencial.
Por fim, o início conflituoso do processo de vacinação brasileiro parece se perpetuar também na destinação estratégica da vacinação. Em síntese, tem se observado certa indiferença aos setores estratégicos do crescimento econômico brasileiro, tais como a educação. A este tem sido atribuído um papel suplementar, frente o desenvolvimento econômico.
O autor é economista e professor da Fucape Business School
* Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta
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