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É Secretário de Estado de Controle e Transparência do ES e vice-presidente do Conselho Nacional de Controle Interno. Mestre em Políticas Anticorrupção pela Universidad de Salamanca

Nos negócios, ganha quem lucra ou quem se importa?

Sobram na história recente exemplos que mostram o quanto a cultura organizacional da ganância em detrimento dos valores ESG pode ser fatal para os resultados

  • Edmar Camata É Secretário de Estado de Controle e Transparência do ES e vice-presidente do Conselho Nacional de Controle Interno. Mestre em Políticas Anticorrupção pela Universidad de Salamanca
Publicado em 18/03/2022 às 02h00
As agências de publicidade são grandes parceiras no desenvolvimento dos negócios
Estima-se que cerca de U$ 31 trilhões sejam direcionados hoje a investimentos em empresas com visão e prática ESG. Crédito: Freepik

Algumas perguntas vêm chacoalhando o mundo corporativo nas últimas décadas. Uma delas: empresas são boas à medida que são lucrativas ou há algum fator a mais nessa equação?

No ano de 2004, uma publicação do Banco Mundial em parceria com o Pacto Global, da ONU, trouxe em seu título um questionamento aos 50 diretores das maiores instituições financeiras do mundo: “who cares win”, dizia a publicação, ou “ganha quem se importa”.

O título era, na verdade, um desafio global, especialmente ao mercado financeiro, de que as questões sociais, ambientais e de boa governança seriam vitais para o futuro das empresas, não por imposição de governos ou leis, mas uma busca do mercado por negócios responsáveis, redução de riscos reputacionais e, consequentemente, mais lucrativos. Essa visão é, então, representada por três letrinhas: ESG, do inglês “environmental”, “social” e “governance” (meio ambiente, social e governança).

Sobram na história recente exemplos que mostram o quanto a cultura organizacional da ganância em detrimento dos valores ESG pode ser fatal para os resultados. Um caso emblemático é o retratado no documentário “Queda Livre: a tragédia do caso Boeing”, lançado pela Netflix, em que investigadores revelam como a Boeing pode ter sido responsável por dois acidentes catastróficos seguidos, ao priorizar o lucro em detrimento da segurança, o que lhe custou danos à reputação e cerca de R$ 80 bilhões.

É inegável que o mercado financeiro topou o desafio. Estima-se que cerca de U$ 31 trilhões sejam direcionados hoje a investimentos em empresas com visão e prática ESG. No Brasil, esse perfil representa 38,26% do total do valor das companhias com ações negociadas na B3. Um caminho sem volta, mas que não admite maquiagem de dados – fenômeno conhecido como greenwashing – pois propagar sustentabilidade e não entregar traz riscos ainda maiores.

E os governos, como ficam? Entendemos que a gestão pública tem o papel fundamental de fomentar as bases dessa cultura. No aspecto ambiental, a liderança do governador Renato Casagrande, representando 22 governadores na Conferência das Nações Unidas sobre o clima coloca o Espírito Santo no topo da discussão mundial sobre bioeconomia, emissão de carbono e desmatamento.

No Espírito Santo, o resultado social é muito bem representado pela menor taxa de mortalidade infantil do país, e a segunda maior longevidade das pessoas. O Estado também oferece o melhor ensino médio do país. Em governança, somos o Estado mais transparente do Brasil, líder nas três avaliações existentes, e o Estado que mais aplica a Lei Anticorrupção.

O Estado se prepara agora para inovar no país, lançando sua plataforma ESG, num diálogo público-privado de evolução conjunta nesse tema global que de forma inédita movimenta mercados para o bem social. E o ES sedia nesta sexta-feira (18) o Fórum Brasil Governança, Riscos e Compliance, sob a perspectiva ESG: uma grande troca de experiências com os profissionais mais atuantes no tema no país.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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