Este ano não começou bem. Logo em janeiro, tivemos a possibilidade de um conflito armado entre Estados Unidos e Irã, após o exército estadunidense assassinar um militar do país persa. Da China, nos chegavam notícias sobre a disseminação do novo coronavírus, causador da doença conhecida como Covid-19. Aqui no Brasil, enchentes assolaram a Região Sudeste, principalmente a porção meridional do Espírito Santo. Em Minas Gerais, substâncias tóxicas foram encontradas em lotes de uma marca de cerveja.
Mas o pior ainda estava por vir. Como vivemos em um mundo globalizado — onde a circulação de pessoas e mercadorias em âmbito planetário é condição sine qua non para a manutenção do sistema econômico vigente — era de se esperar que um vírus detectado em uma nação bastante atuante no comércio internacional se espalhasse por todo o mundo. Foi justamente o que aconteceu. Em março, a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretou a Covid-19 como "pandemia global".
Lembrando a famosa expressão "tempestade perfeita", o coronavírus encontrou um planeta que ainda sente os efeitos negativos da última grande crise capitalista e, não obstante, sofre com sistemas de saúde sucateados por décadas de políticas econômicas neoliberais, ineficientes para lidar com uma pandemia de tamanha proporção. Não por acaso, os países que investem maciçamente em saúde pública foram os que obtiveram melhores desempenhos no combate ao coronavírus.
No Brasil, a pandemia ficou marcada pela inércia do governo federal, que, conforme apontou o Tribunal de Contas da União (TCU), não propôs medidas contra à Covid-19 ou tampouco apresentou um plano de vacinação em nível nacional.
Evidentemente, 2020 passará para a história da humanidade como "o ano da Covid-19". Provavelmente, "coronavírus" foi a palavra mais dita/lida/ouvida nos últimos meses. No entanto, nem só de pandemia viveu o ano. Tivemos outras notícias negativas também.
O racismo, em suas diferentes manifestações, seja de classe, seja de cor, se fez presente em Minneapolis, Porto Alegre e Valinhos. O futebol perdeu o genial Diego Maradona. O desmatamento no Brasil atingiu números alarmantes. Por outro lado, alguém poderá dizer que, pelo menos, o excêntrico Donald Trump perdeu as eleições presidenciais estadunidenses. Porém, o vencedor, Joe Biden, é conhecido apoiador de guerras promovidas por Washington mundo afora. Ou seja, não há o que comemorar.
Seria hiperbólico afirmar categoricamente que 2020 é o pior ano da história. No entanto, podemos dizer que, devido às inúmeras limitações trazidas pela pandemia, o ano de 2020, por enquanto, já é o pior do século.
O autor é escritor, mestre em Geografia e articulista do Observatório da Imprensa
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