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É doutora em Geologia

O Brasil está pegando fogo. E agora?

É necessário não somente zerar as emissões de gás carbônico, mas também removê-lo da atmosfera. Para isso, é preciso criar grandes e robustos projetos e ações que auxiliem uma mudança rigorosa de comportamento da sociedade

  • Luiza Bricalli É doutora em Geologia
Publicado em 18/09/2024 às 16h27

O Brasil pega fogo. Estamos vivenciando um recorde de seca e ondas de calor na maioria dos estados do país, somado à poluição urbana nas grandes cidades.

A cada semana temos uma explosão dos incêndios florestais, em quase todos os biomas brasileiros, especialmente na Amazônia e no Cerrado, onde as condições mais quentes e secas criam um ambiente propício para a propagação de queimadas, tanto naturais quanto provocadas. Com a ocorrência das queimadas no Cerrado, Pantanal e Amazônia, os ventos as transportam para o sudeste. A situação está crítica.

As mudanças climáticas e as queimadas no Brasil estão interligadas. O aquecimento global, causado pelo aumento da emissão de combustíveis fósseis, altera os padrões de temperatura e precipitação, tornando algumas regiões mais secas e vulneráveis a incêndios.

Por outro lado, as queimadas, muitas vezes usadas para desmatamento ou manejo agrícola, liberam grandes quantidades de dióxido de carbono na atmosfera. A título de curiosidade, quando emitimos uma molécula de gás carbônico na atmosfera, ela fica, em média, 150 anos na atmosfera, e 15% do gás carbônico que emitimos permanecem na atmosfera até mil anos.

Essas queimadas estão afetando diretamente a natureza: biomas e seres humanos.

As emissões de gases de efeito estufa estão aumentando: em 2022 e 2023 eram as mais altas e continuam a aumentar segundo o Relatório do IPCC. Se nós continuarmos com a emissão dos gases de efeito estufa, como estamos fazendo há quase dois séculos – principalmente nos últimos 60 anos – a situação do clima pode se tornar gravíssima e, até mesmo, irreversível.

Área queimada após mais de 24 horas de chamas no parque Paulo César Vinha
Área queimada após mais de 24 horas de chamas no parque Paulo César Vinha. Crédito: Vitor Jubini | A Gazeta

Com relação à temperatura, essa já aumentou 1, 5° - correspondente àquela máxima do último período interglacial, mais de 100.000 anos atrás – em 2023 e 2024. Se a humanidade não cessar com as emissões de gases de efeito estufa, podemos vivenciar, daqui algumas décadas, um clima jamais visto pela humanidade.

É necessário não somente zerar as emissões de gás carbônico, mas também removê-lo da atmosfera. Para isso, é preciso criar grandes e robustos projetos e ações que auxiliem uma mudança rigorosa de comportamento da sociedade para não emissão de gás carbônico na atmosfera e também a realização de uma contundente restauração florestal para retirar toneladas de gás carbônico por ano da atmosfera até 2.100 para não deixarmos a temperatura aumentar mais do que já aumentou e, quem sabe, diminuir.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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