Há um ano que, com a pandemia, a saúde mental tem sido uma das principais preocupações, o que abrange vetores diferentes, embora entrelaçados entre si: 1) o distanciamento que inesperadamente tivemos que fazer, não somente de pessoas mas também de lugares e contextos específicos; 2) o isolamento em determinadas condições de existência, que também envolve o confinamento e aprofundamento das relações — e, não raro, dos conflitos preexistentes — com pessoas que comumente lidávamos de forma mais superficial e/ou pouco frequente; 3) o aumento — e em muitos casos o início — de certas tarefas cotidianas que passaram a se mesclar, invadindo em todas as direções uma fronteira pouco clara entre o trabalho doméstico e o profissional: um difícil sentimento que passou a invadir cada um de nós acerca do que precisa e do que pode ser feito na esfera que era do público e na que era do privado.
Enfim, uma impressão de que desaprendemos muitas coisas e de que tivemos que aprender tantas outras, e tudo em pouquíssimo tempo, por tentativas e erros, com uma importante alteração em nosso sistema de tempo-espaço e com um alto custo para a nossa saúde, física e mental.
Esse panorama pode ser entendido como crise — individual, familiar, social, coletiva e institucional —, pois o que nunca antes fora imaginado, ao menos pela maioria de nós, tornou-se real e demandou urgentemente adaptações rápidas, permanentes e vitais.
Pouco acostumados que éramos a essa intensidade imposta ao trabalho, às relações, às obrigações, aos cuidados, à vida, encontramo-nos desprevenidos e tivemos que lidar com toda sorte de desdobramentos: cansaço físico e mental, em muitos casos a exaustão, o abandono (de pessoas, de projetos, etc), a solidão e, enfim, uma difícil experiência existencial, ainda não vivida, sem precedentes, que, por isso, faz sofrer.
Contudo, como em quase toda crise, podemos encontrar oportunidades de mudanças. Como diminuir os riscos dos adoecimentos? Podemos pensar em algumas possibilidades: acesso de rede de apoio, ou construção de uma, autoavaliação diária e pedido de ajuda, desenvolvimento de recursos específicos, etc.
Para tanto, finalizamos com algumas sugestões: 1) procurar tomar decisões compreendidas, por si mesmo e por pessoas de nossa confiança, como sensatas quanto mais o momento for visto como desafiador; desenvolver a capacidade de fazer boas escolhas e agir, se for o caso, com prudência e discernimento; 2) considerar a cooperação nas inúmeras atividades do dia a dia, ou seja, poder contar com o que for útil e valioso não somente para si como também para os outros; 3) lidar com os desafios, problemas, conflitos e outras situações afins sem perder a esperança.
*Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta
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